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Mayalú Txucarramãe: saúde, bem viver e combate às fake news

segunda-feira, 05 de Abril de 2021
Direto do ISA
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#ElasQueLutam
Mayalu
Txucarramãe
Mebêngokrê

Neta do grande cacique Raoni Metuktire, Mayalú Kokometi Waurá Txucarramãe cresceu junto a uma referência de força, luta e conexão com o território. “Meus avós me ensinaram a importância da natureza,” conta. “Só que quando a gente é adolescente, estamos sob as asas dos nossos pais e não temos a preocupação com o que pode acontecer”.



Em 2011, tudo mudou. Neste ano, seu pai, o cacique Megaron Txucarramãe, foi exonerado da Coordenação Regional da Funai de Colíder (MT) e decidiu voltar à Terra Indígena Capoto Jarina (MT). “E aí eu me senti sozinha aqui”, diz Mayalú, que na época cursava Geografia na UNEMAT.

Como ela, a juventude que vivia na cidade ficou sem referência de liderança por perto. “Vivíamos um caos, de discriminação com a juventude, e esses adolescentes entrando para o caminho do alcoolismo. Vi tudo isso e pensei: ‘eu tenho que conduzir [essa situação] como meu pai iria conduzir’”. Foi então que ela uniu os mais jovens e fundou o Movimento Mebêngokrê Nyre. “A juventude começou a se organizar para estar à frente, junto com as lideranças, e eu comecei o meu ativismo”.

“Eu estou numa luta em defesa dos direitos dos povos indígenas, porque se a sociedade não indígena não reconhece os nossos direitos, a gente não interage bem, como está acontecendo hoje,” explica.

Mayalú fnfrentou o racismo estrutural, a discriminação contra indígenas da cidade e a falta de oportunidades. Entrou para o DSEI Kayapó MT. Começou na limpeza, se tornou assistente administrativa e, hoje, é Secretária Executiva do CONDISI Kayapó MT. “Eu mostrei que estou lutando pelos direitos do meu povo e essa instituição é um espaço nosso, que nós devemos acessar”. Na saúde indígena, luta para garantir o bem viver do seu povo e o respeito à interculturalidade, “para que a equipe de saúde não venha com a imposição da medicina ocidental e não interfira no nosso modo de cuidar”.

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Veio a pandemia de Covid-19 e Mayalú arregaçou as mangas para cuidar dos seus. Enquanto os parentes se isolavam no território, ela permaneceu na cidade, sensibilizando-os a se protegerem, compartilhando informações qualificadas e conquistando a confiança das lideranças diante de tantas mentiras. Funcionou: em março, os Mebêngokrê aceitaram a vacinação. “Foi muita emoção, choro pra todo lado,” conta. “A gente vive em constante medo. Em memória de quem perdeu a vida, a gente ficou feliz”.

“Eu acredito na ciência assim como eu acredito nos costumes e nas nossas tradições. E hoje, eu, enquanto professora, falo pra vocês que tem que acreditar na ciência", finaliza.

#ElasQueLutam é a série do ISA sobre mulheres indígenas, ribeirinhas e quilombolas e o que as move! Não perca!
Imagens: 
Victoria Martins
ISA

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