Ministro promete a lideranças indígenas discutir consulta sobre mudança em demarcação
Thursday, 05 de December de 2013O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse, hoje, em uma reunião com 68 líderes indígenas de todo País, que aceita discutir uma consulta com os povos indígenas sobre a proposta de mudanças dos procedimentos de demarcação de Terras Indígenas (TIs). A informação é de lideranças que participaram do encontro.
Há duas semanas, Cardozo afirmou à imprensa que publicaria a portaria com as alterações “em um curto espaço de tempo, com acordo ou sem acordo”. Na terça (3/11), o ministério já tinha publicado uma nota afirmando que “está recebendo contribuições de indígenas e entidades indigenistas, órgãos governamentais e associações de agricultores” sobre a proposta (veja aqui).
Apresentado na semana passada, o texto cria uma série de entraves burocráticos aos processos de demarcação, que, na prática, deverá inviabilizá-los. A ideia é incluir representantes dos governos estaduais e municipais e de vários órgãos públicos logo no início do procedimento (saiba mais).
“Hoje, o ministro já disse que se abre para o diálogo e as contribuições e aceitou esse processo de conversa”, informou Sônia Guajajara, da coordenação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). “Não temos pressa. Já que vamos conversar, eles têm de obedecer o nosso tempo”, afirmou.
A reunião entre Cardozo e os líderes indígenas ocorreu depois que quase 1,5 mil indígenas protestaram, ontem, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, contra a proposta. Os índios ocuparam a entrada do Palácio do Planalto e pararam o trânsito na região (saiba mais).
Ainda segundo as lideranças indígenas, o acordo firmado na reunião é de que a proposta da portaria será esclarecida, na semana que vem, numa reunião da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI). A ideia é que seja discutida no colegiado uma metodologia para a consulta, incluindo quando, onde e quem irá participar dela.
Segundo Sônia Guajajara, a proposta do movimento indígena é que seja realizado um “processo amplo de consulta às bases”, nos moldes previstos pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), incluindo oitivas nas esferas local, regional e nacional. A convenção foi ratificada pelo Brasil e prevê que toda e qualquer medida administrativa ou legislativa que afete territórios indígenas seja precedida por uma consulta às populações afetadas.