Seleção e armazenamento de sementes tradicionais são temas de oficinas para quilombolas
Wednesday, 06 de May de 2015O ISA realizou, em abril, duas oficinas com quilombolas para aprimorar os processos de identificação, coleta, seleção e armazenamento familiar das sementes tradicionais no Vale do Ribeira, no sul de São Paulo. Os dois eventos dão continuidade à construção coletiva de um banco de sementes das comunidades quilombolas da região e fazem parte do projeto “Sistema Agrícola Quilombola: soberania alimentar, cultura e geração de renda”, realizado pelo programa Vale do Ribeira com 18 quilombos do Vale do Ribeira. O patrocínio da iniciativa é da Petrobrás (saiba mais).
De 17 a 19/4, no Núcleo Ouro Grosso do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar), a oficina reuniu 12 representantes de cinco comunidades quilombolas situadas nos municípios paulistas de Iporanga e Itaóca (Pilões, Nhunguara, Piririca, Cangume e Bombas). Na semana seguinte, em 22 e 23/4, participaram da oficina 14 representantes de sete comunidades (São Pedro, Ivaporunduva, Sapatu, Pedro Cubas, Pedro Cubas de Cima, Abobral Margem Direita e Abobral Margem Esquerda), no município de Eldorado.
Na oficina, foram discutidos pontos de aproximação entre as técnicas tradicionais empregadas pelos quilombolas e as técnicas agronômicas alternativas, como as agroecológicas e as biodinâmicas, no tocante à conservação, ao manejo e à reprodução de sementes e mudas. Os técnicos Pedro Jovchelevich e Vladimir Moreira, da Associação Brasileira de Biodinâmica (ABD), contribuíram com o trabalho.
Foram tratados nos encontros temas como a reprodução, o plantio e o manejo das espécies e das variedades; a secagem e a conservação das sementes; além das disputas e das diferenças entre sementes tradicionais, híbridas e transgênicas. Foram realizadas também atividades práticas, como o teste de germinação de sementes e a seleção de plantas no campo.
Oficinas anteriores do projeto privilegiaram o diálogo entre as gerações de quilombolas mais jovens e mais experientes em torno dos conhecimentos tradicionais relacionados às sementes e ao manejo das roças, às espécies e variedades perdidas e aquelas cultivadas atualmente, iniciando um mapeamento da situação das mudas e das sementes tradicionais em cada comunidade.
As etapas seguintes contemplarão o desenho participativo da estrutura do banco de sementes pelas comunidades quilombolas, considerando modelo de funcionamento, regras e acordos para seu uso. A longo prazo, o banco tem o objetivo de garantir a soberania dos quilombolas sobre suas variedades tradicionais e aumentar a segurança alimentar das famílias.