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Belo Monte: Nota de repúdio à tentativa de criminalização do movimento social de Altamira

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ISA

O Instituto Socioambiental (ISA) vem se solidarizar com lideranças regionais, profissionais da comunicação e membros do Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) contrários à construção da Hidrelétrica de Belo Monte, que injustamente vêm sendo ameaçados de prisão.

Ao mesmo tempo em que acontecia, no Rio de Janeiro, o encontro global Rio+20, algumas das organizações e lideranças sociais que integram o MXVPS organizaram um encontro na cidade de Altamira, denominado Xingu +23, que, segundo seus organizadores, reuniu cerca de 300 pessoas, entre atingidos pela obra e apoiadores de sua luta.

Após o fim da manifestação, algumas pessoas entraram em salas de escritórios da Norte Energia e danificaram bens materiais (computadores, portas etc.). Com base nesse ato isolado a Polícia Civil de Altamira, incitada pelos construtores da obra, indiciou criminalmente diversas das lideranças sociais de Altamira, que nada tiveram a ver com esse incidente, acusando-as de roubo (!). O processo de perseguição continuou com o pedido de prisão preventiva destas pessoas no dia 26 de junho.

O ISA entende que a ocorrência de um fato isolado não pode, em hipótese alguma, ser utilizado como pretexto para perseguir o movimento social da região e aqueles que se opõem à construção dessa polêmica usina. Várias das pessoas indiciadas por roubo notoriamente nada tiveram a ver com o fato ocorrido. Pelo contrário, exerceram seu direito de manifestação, de forma legítima, pacífica e em exercício de sua profissão, incluindo aí um padre que rezou uma missa durante o ato e um cineasta que estava registrando o evento.

O ISA repudia a tentativa de se utilizar o aparato do Estado para silenciar os movimentos sociais e condena as formas de violência praticadas nesta situação. Tanto as que resultaram na danificação de instalações do Consórcio Construtor de Belo Monte, como aquelas praticadas contra os moradores das cidades de Altamira e Vitória do Xingu, os agricultores, indígenas e ribeirinhos da região, que sofrem com a forma autoritária pela qual o empreendimento vem sendo instalado ao arrepio do Estado Democrático de Direito.

Brasília, 26 de junho de 2012.

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