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Em editorial, o ISA defende a realização de eleições diretas antecipadas
O Brasil acordou atônito com as revelações de ontem à noite. Já não havia dúvidas sobre o envolvimento de Michel Temer e de todo o seu entorno na gincana de corrupção em que se transformou o Brasil nos últimos anos. Porém, o presidente da República dispõe da blindagem constitucional de não poder ser processado - ou sequer investigado - por crimes eventualmente praticados antes do seu mandato. O mais incrível na delação dos proprietários da JBS foi constatar que malas de dinheiro continuam circulando entre operadores dos grandes partidos, que mais parecem acometidos por alguma espécie de cleptomania compulsiva, que os impede, sequer, de dar um tempo diante de tanta denúncia, de tanta crise, de tanta decadência, de tanta vergonha.
A pinguela caiu! Michel Temer não tem condições de continuar exercendo a presidência. Não há mais como sustentar a aventura de querer governar de costas para o povo e de braços dados com quadrilhas parlamentares. O Senador Aécio Neves, segundo colocado nas últimas eleições presidenciais também foi flagrado e tragado pela delação. Tem mais um deputado envolvido, tem mais um senador, além da sombra de Eduardo Cunha, que vinha sendo mantido na sombra a soldo dos irmãos Batista, donos da JBS. Os delatores foram autorizados, com as respectivas famílias, a deixar o país por supostas ameaças de morte.
Com mais da metade do mandato em curso transcorrida, a Constituição prevê que a vacância na presidência deve ser suprida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, por até 90 dias, período em que o Congresso Nacional teria que eleger indiretamente um presidente tampão, até a realização das próximas eleições em outubro de 2018. Só que Maia também é investigado por corrupção e o atual Congresso está desmoralizado perante a nação.
O ISA se somará ao esforço de outros segmentos por uma mobilização vigorosa da sociedade pela convocação antecipada de eleições presidenciais diretas, único caminho para alcançar os votos necessários para emendar a Constituição.
A excepcionalíssima situação requer urgência para recuperar a legitimidade perdida pelo Estado para que o país supere a crise inédita em que foi metido. Arrastar o país pelas pinguelas da corrupção somente o fará sangrar ainda mais, com consequências ainda mais drásticas para a economia e para as precárias condições de vida do povo.