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Em dia de festa para o povo Yanomami, magistério Yarapiari certifica 16 novos professores

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Letícia Leite

Certificação de professores possibilita a volta de dezenas de jovens yanomami para a sala de aula

A escola yanomami é uma das apostas desse povo para a proteção do seu território, uma área de 9 milhões de km² de floresta amazônica preservada. Para isso, o Magistério Yarapiari, curso de formação de professores yanomami, foi construído ao longo de 10 anos e se propõe a valorizar tanto os conhecimentos dos yanomami como os da sociedade que os envolve. O processo escolar se dá nas cinco línguas yanomami e o português é ensinado como língua secundária.

A Comissão Pró-Yanomami (CCCPY),incorporada ao ISA em 2009, foi a incubadora do Magistério Yarapiari. Em 2014, foi adotado pelo Estado de Roraima. No entanto, sem o reconhecimento do Estado por 10 anos, muitas escolas permanecem fechadas. Sua retomada pelo Centro Estadual de Formação dos Profissionais da Educação de Roraima (CEFORR) a partir do ano passado e a formação de 16 novos professores criou condições para a reabertura de algumas escolas. “Os Napëpë (não indígenas) ainda têm dificuldade de entender o que é a escola diferenciada, mas o povo Yanomami sabe muito bem o que é e vamos continuar a lutar por ela todos os dias até que os Napëpë entendam”, afirmou Dário Yanomami.

O CEFORR também possibilitou que os novos professores certificados possam lecionar não apenas no ensino fundamental como também na escolarização de jovens e adultos. O Yarapiari acontece na modalidade presencial e a distância. Tem como objetivo construir um quadro de docentes yanomami, capazes de desenvolver escolas multilíngues fundamentais que atenda às crianças, sem excluir os jovens e adultos.

O curso tem duração de três anos com carga horária de 5.060 horas. As aulas são ministradas por professores indígenas e não indígenas falantes das línguas Yanomami. Abrange a formação no ensino fundamental e ensino médio magistrado para professores indígenas de oito regiões da Terra Yanomami: Auaris, Alto Catrimami, Demini, Homoxi, Kayanau, Papiu, Parawau e Toototobi.



Formatura

Uma formatura foi organizada para entregar as certificações. Os alunos estavam todos pintados e com seus melhores colares para receber o diploma de professor. Dário Yanomami, filho mais velho do Xamã Davi Kopenawa e vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami recebeu o certificado de professor indígena yanomami em 2009, ano da primeira formatura. Ao lado de seu pai, ele ajudou a brigar pela volta do curso de magistério. Hoje, com 35 anos, entregou os diplomas para cada um dos 16 novos professores certificados.

A conquista dos professores foi registrada por nove jovens yanomami que participam de uma formação em comunicação na sede da associação. Durante uma semana eles estão aprendendo a fotografar e filmar com celulares e recebem orientações de texto para contribuir com a produção do boletim informativo e registro de eventos da associação. O treinamento é realizado por jornalistas e assessores do Instituto Socioambiental (ISA) e apoiado pela União Europeia e Rainforest Fundation.

“É uma grande vitória, mas tem muitos jovens na florestas que querem continuar a estudar. A alternativa imediata do Estado é contratar os professores que foram certificados hoje para lecionar também na Educação de Jovens e Adultos (EJA)”, Lidia Montanha, assessora do ISA.

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