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Espinhos, umidade, insetos e urtigas, a floresta é uma experiência epidérmica e tanto!

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Moreno Saraiva Martins e Estevão Benfica Senra

25 de setembro, sétimo dia da expedição

Estevão: "Concluída a linha seca que liga a região do Apiaú ao Ajarani, nos preparamos para voltar à comunidade Hayatianay. Os yanomami, antes do sol nascer, já estavam despertos preparando o café, afoitos para partir. De modo que, quando nos colocamos na trilha eles imprimiram um ritmo alucinante de caminhada e, surpreendentemente, fizemos em um dia o que tínhamos levado três na ida.

Ao final fiquei completamente extenuado, cheio de assaduras e com o pé devorado pela frieira. O que me acalenta agora é a perspectiva de repouso nos próximos dias. Para finalmente secar as roupas, redimensionar a mochila e então seguir na expedição.

Moreno:Caminhamos ao todo 21 km em um dia bem cansativo e especialmente sofrido para Estêvão, que está com um corte profundo no pé. Chegamos ao acampamento às 17h, depois de dez horas de caminhada. (Veja abaixo o mapa do trecho 1).
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Os últimos quilômetros foram vencidos vagarosamente. Eu e Júlio ficamos para acompanhar Estêvão. Caminhar devagar também traz as suas dificuldades, pois quanto mais devagar você anda mais tempo tem que carregar a mochila, o que acaba por dificultar ainda mais a caminhada. E quanto mais cansado você está, mais chance tem de se machucar. É preciso ter muita atenção no caminho, para não se apoiar em árvores ou cipós cobertos de espinhos pontiagudos ou para não cair nos inúmeros troncos atravessados pelo caminho. E quanto mais cansado você está, mais difícil fica de manter a atenção.

Felizmente todos chegamos bem. Estêvão de tão cansado que estava nem conseguiu comer a carne de queixada com arroz que foi preparada por Ivan. Júlio também estava especialmente debilitado pela caminhada: suas costas, onde a mochila de apoia, estava muito assada e incomodando muito durante o trajeto. Outros tiveram assaduras nas virilhas. É a umidade da floresta, os inúmeros igarapés e lamaçais que atravessamos, o nosso próprio suor que deixa nossa roupa sempre molhada, causando inconvenientes assaduras.
Amanhã devemos chegar à comunidade do Apiaú, onde esperamos encontrar parte da equipe da Funai que foi na operação de combate ao garimpo e que agora deve nos acompanhar no último trecho da expedição. Devemos ficar pelo menos dois dias na comunidade, secando toda nossa bagagem, que não teve tempo de secar nesses últimos cinco dias, e também nos recuperando das feridas.

A série de expedições ao limite leste da TI Yanomami, iniciada em outubro do ano passado, e integrada pela Funai (Fundação Nacional do Índio), HAY (Hutukara Associação Yanomami), e ISA e agora pela Polícia Ambiental e pelo Bope tem o apoio da Fundação Rainforest da Noruega.

Para saber mais

Próximo relato (26 de setembro de 2013) > Pausa no acampamento para curar feridas e preparar segundo trecho da expedição

Relato anterior (24 de setembro de 2013) > No final da primeiro trecho, ataque de queixadas e ruído incomum causam apreensão

Linha do Tempo da viagem com galeria de fotos e outras informações http://isa.to/1ag7MYF

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