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Em universidade dos EUA, liderança yanomami denuncia garimpo ilegal, ameaças à floresta e ganha honraria reservada a personalidades como Dalai Lama e Nelson Mandela
Na Universidade de Harvard, em Boston (EUA), o líder e xamã yanomami Davi Kopenawa fez um alerta: a floresta corre perigo. Entre os dias 7 e 9 de maio, Kopenawa participou de conferência sobre as mudanças climáticas em uma das mais renomadas instituições de ensino dos Estados Unidos. O evento reuniu cientistas e pesquisadores no auditório do Centro de Estudos Latino-Americanos David Rockefeller (DRCLAS).
Frente a pesquisadores, ativistas e artistas americanos, Kopenawa falou sobre as principais ameaças a seu território, como as invasões de garimpeiros e madeireiros. “Nossa Terra Yanomami está reconhecida, homologada e registrada, como uma criança que nasce de uma mulher. Mas o capitalista não quer que ela fique viva. Ele invade nossas Terras Indígenas e gosta de desmatamento para fazer dinheiro. Faz mineração, tirando a pele da terra e cavando buraco. Fecha o rio e mata as árvores afogadas. Essa energia que está aqui vem de longe, da terra dos índios. Será que Belo Monte está fazendo bem para os parentes? Não”, questiona.
Recebido por Margot Gill, diretora administrativa para assuntos internacionais da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Harvard, e por Brian Farrell, diretor do DRCLAS, Kopenawa foi convidado a assinar o Harvard Guest Book, honraria reservada a personalidades históricas e cientistas, como Dalai Lama, Nelson Mandela e Stephen Hawking.
Quem também reconheceu a relevância da luta indígena e reservou um espaço na agenda para se encontrar com o xamã yanomami foi Jamie Eldridge, senador estadual de Massachusetts, e a modelo internacional Gisele Bündchen. “Davi foi muito bem recebido, todos reconhecem o papel dos povos indígenas na luta pela preservação da floresta. E Davi é um incansável símbolo dessa luta. Isso se traduziu tanto na receptividade institucional de Harvard, oferecendo essa honraria a ele, como também na recepção da comunidade política progressista de Boston, que demonstrou bastante interesse na sua causa e disposição em procurar meios para apoiá-la”, lembra Helder Perri, do Instituto Socioambiental (ISA).
Sensibilizados pela fala de Davi Kopenawa e reconhecendo a importância da conservação da Amazônia, a comunidade de pesquisadores e ativistas presente na conferência prometeu mobilizar alianças com grupos políticos nos Estados Unidos e articular a obtenção de fundos locais para apoio às associações yanomami e à luta dos povos indígenas no Brasil. “Lá eles não têm floresta como na Amazônia. Mas pedi para eles olharem por nós e cuidar de verdade da terra, como se cuida da nossa família, dos nossos filhos”, finaliza Davi.