Você está na versão anterior do website do ISA

Atenção

Essa é a versão antiga do site do ISA que ficou no ar até março de 2022. As informações institucionais aqui contidas podem estar desatualizadas. Acesse https://www.socioambiental.org para a versão atual.

Maloca de Itacoatiara Mirim comemora um ano de revitalização

Programa: 
Versão para impressão

Para celebrar o Dia do Índio, cacique Luiz Laureano, do povo Baniwa, realizou festa e oficina cultural para promover intercâmbio entre mestres da cultura e a juventude indígena de São Gabriel da Cachoeira (AM)

Um dia dedicado à música e dança tradicional dos povos indígenas do Rio Negro. O som das flautas japurutu e pan tomaram conta da Maloca de Itacoatiara Mirim, na zona periurbana de São Gabriel da Cachoeira (AM), em comemoração ao dia do Índio (19 de abril). O evento também marcou o primeiro ano da reconstrução da maloca, que contou com uma campanha de financiamento coletivo apoiada pelo Instituto Socioambiental (ISA) no ano passado.

“A gente fica muito alegre mesmo com a maloca cheia e com os parentes dançando e cantando. É bom trabalhar com a cultura para nunca deixar ela morrer. É o mais importante trabalho que a gente tem que fazer aqui na maloca, nunca parar de fazer nossa cultura”, disse mestre Luiz ao público presente. Ele e seu irmão Mário Joaquim estão engajados em manter uma agenda constante de oficinas, intercâmbios e eventos culturais na Maloca de Itacoatiara Mirim, uma das duas únicas malocas situadas na sede do município mais indígena do Brasil.

A oficina cultural contou com o apoio do ISA e da FOIRN, que esteve presente com os departamentos de mulheres e de jovens, além da Rede de Comunicadores Indígenas do Rio Negro. Com a participação da juventude indígena da cidade, como o grupo cultural Filhos do Rio Negro, e de jovens estudantes da rede pública, os participantes tiveram a oportunidade de aprender danças tradicionais como o Cariçu, dança do Mawaco, dança do Veado e de tocar instrumentos tradicionais. Isso tudo em clima de festa e com caxiri rodando pela maloca, como ocorre tradicionalmente nas aldeias. No almoço beiju, vinho de açaí e quinhampira (peixe cozido na pimenta) feita na lenha pelas mulheres de Itacoatiara Mirim.

No encerramento, um grande dabucuri (oferta de presentes aos visitantes, como frutas, peixes e outros alimentos da roça comunitária) foi feito na maloca, mostrando que Itacoatiara Mirim ficou alegre e grata em receber os visitantes para a festa e a oficina. Professores, alunos, lideranças, agentes de saúde e toda a comunidade multiétnica participou do evento.

Além de mestre Luis e seu irmão Mário Joaquim, os grupos de Roque Barasana e Eliseu Desana também ensinaram os jovens a tocar flauta pan e dançar o cariçu. “Tem jovem na cidade que esquece da sua cultura. A gente não pode deixar que eles fiquem sem saber dançar e tocar os instrumentos tradicionais. Isso faz parte da cultura do nosso povo”, frisou Eliseu Desana, nascido na Colômbia e hoje morador de Itacoatiara.

Nova Maloca

Além de ser mestre da cultura, Luiz Laureano é também construtor de malocas. Ele próprio liderou a reconstrução em Itacoatiara Mirim, assim como reformou a Maloca da FOIRN em 2018. Agora, Luis irá para a comunidade de Camarão, na bacia do rio Içana, para construir uma nova maloca junto aos seus parentes Baniwa e Koripako. O lançamento dessa nova construção tradicional está previsto para o dia 7 de setembro, feriado muito comemorado como “semana da pátria” pelos povos indígenas do Rio Negro. Com inesgotável energia e animação, Luis diz que tem vontade de construir uma maloca por ano no Rio Negro e, assim, voltar a povoar esse grande território indígena com suas antigas e tradicionais habitações, destruídas no passado pelos missionários religiosos.

Imagens: 

Comentários

O Instituto Socioambiental (ISA) estimula o debate e a troca de ideias. Os comentários aqui publicados são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião desta instituição. Mensagens consideradas ofensivas serão retiradas.