Alunos da Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Pará (UFPA) participaram em Uruará, município paraense na região de Altamira, de um intercâmbio para conhecer os processos de beneficiamento e boas práticas de produtos da floresta, como o coco babaçu e a castanha-do-Pará.
O intercâmbio foi realizado em outubro em parceria entre a Associação Agroextrativista Sementes da Floresta (AASFlor) e o Instituto Socioambiental (ISA). A AASFlor faz parte da Rede de Cantinas da Terra do Meio, composta por 27 cantinas e oito miniusinas espalhadas pelo mosaico de áreas protegidas da Terra do Meio e baixo Xingu.
As cantinas são coletivos de beiradeiros, indígenas e pequenos agricultores organizados para a produção e comercialização de produtos dos povos da floresta. Esses coletivos gerenciam capital de giro próprio que viabiliza essa produção e comercialização de forma transparente e autônoma, avalizada pela iniciativa Origens Brasil®.
Os estudantes da UFPA estiveram na comunidade Deus dos Pobres, onde conheceram uma miniusina multiprodutos instalada dentro da comunidade, que agrega mais valor à produção e alia conhecimento tradicional a inovações tecnológicas.
Eles acompanharam também a extração do óleo da amêndoa do coco babaçu e a moagem do mesocarpo para fabricação da farinha de babaçu, bem como o embalamento e a finalização do produto. Como resultado, comemoraram a aproximação da academia à realidade local.
"Essa união entre o conhecimento técnico e a vivência das comunidades traz novas práticas para beneficiamento e manejo dos recursos naturais de forma sustentável", ressalta Plínio Morais, estudante de engenharia florestal. "Passamos a ter o entendimento da vivência para desenvolver soluções, condições de mercado e novas tecnologias."
Para Marllison Borges, técnico do ISA que acompanhou a atividade, é importante fomentar a difusão das tecnologias e formas de gestão social da Rede de Cantinas da Terra do Meio para que a produção ganhe uma escala ainda maior e abra novas portas para o mercado.
"É uma oportunidade de viver uma experiência única dentro do curso, que é entender a rotina de comunidades tradicionais trabalhando com técnicas e tecnologias de ponta dentro da floresta", afirma Borges.
A expectativa é que os intercâmbios entre alunos das universidades e comunidades continuem a ser realizados nos próximos anos.
Beiradeiros, indígenas e agricultores familiares da região da Terra do Meio são protagonistas da produção de uma cesta de mais de 10 produtos.
Borracha, castanha, óleos, farinhas e sementes florestais que encontraram parceiros compradores que, por sua vez, prezam pela sensibilidade, pela transparência, pela garantia de origem e pela qualidade.
As associações que fazem parte da articulação lançaram a marca coletiva Vem do Xingu, que apresenta a diversidade produtiva de um território historicamente ameaçado pela grilagem, pelo roubo de madeira e, agora, pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Em parceria com empresas, a Rede de Cantinas da Terra do Meio já viabilizou a comercialização de produtos em grande escala, como a castanha-do-Pará para a empresa de pães e bolos Wickbold e a borracha para a Mercur.
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