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Livro registra saberes e práticas dos beiradeiros da Terra do Meio

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Isabel Harari

Em trabalho conjunto com ribeirinhos, ISA lança publicação sobre populações que vivem nas margens dos rios Iriri e Riozinho do Anfrísio, no Pará


Erguer a casa, cuidar da criação, cortar seringa, quebrar castanha, pescar, caçar, furar copaíba, extrair óleos, trançar palha de babaçu e cipós, festejar, curar, fazer canoa. Estes são alguns exemplos do cotidiano de centenas de beiradeiros que vivem às margens dos rios Iriri e Riozinho do Anfrísio, no Pará.

Com o objetivo de registrar essas práticas - e os saberes associados à elas e a este universo, o ISA se juntou a estas comunidades ribeirinhas da Terra do Meio, mosaico de áreas protegidas que abriga uma enorme diversidade socioambiental, para ajudá-las a organizar as informações sobre seu patrimônio cultural.



Após três anos de trabalho, o resultado é o livro Terra do Meio | Xingu, os saberes e práticas dos beiradeiros do Rio Iriri e Riozinho do Anfrísio. Construído em conjunto com 15 pesquisadores beiradeiros, coordenado pela antropóloga Anna Maria Andrade, do ISA, o livro foi publicado neste mês de outubro. “A importância do trabalho com os pesquisadores foi evidenciar a riqueza desse patrimônio cultural e essas identidades múltiplas”, conta Andrade. São 523 páginas com mais de 400 imagens - entre fotografias e ilustrações feitas pelos pesquisadores.

A publicação registra a existência de uma economia diversificada, com conhecimentos e práticas que garantem uma sustentabilidade econômica aos ribeirinhos e que compõe o modo de vida beiradeiro: “Beiradeiros são ao mesmo tempo seringueiros, castanheiros, gateiros, garimpeiros, pescadores, quebradores de coco, caçadores, e também agricultores, copaibeiros, andirobeiros, canoeiros, rezadores, parteiras, construtores e artesãos”, diz o texto. “Eles vão assumindo identidades múltiplas de acordo com as atividades. Ser beiradeiro é tudo isso”, explica Andrade.

A equipe de pesquisadores entrevistou mais de 80 pessoas de localidades dentro e fora das Reservas Extrativistas, além de beiradeiros que hoje vivem nas cidades de Altamira e Trairão. São depoimentos que contam histórias de vida, percepções do ambiente, descrições de atividades extrativistas e agrícolas, manejo dos produtos, caça, pesca, festejos e as relações que formam as redes de sociabilidade e parentesco existentes entre as famílias da região.

As diversas categorias de classificação dos espaços e a profunda percepção das dinâmicas ecológicas da floresta e do rio expressam um conhecimento profundo sobre o território. No livro, os nomes dos mais variados tipos de peixes, formigas, plantas, produtos e lugares trazem em si a história dos beiradeiros e do beiradão.


Pesquisadores do beiradão

O livro contou com o envolvimento de 15 pesquisadores beiradeiros, participantes do Curso de Gestão Territorial (saiba mais). Foi neste curso, realizado ao longo de cinco anos, que a temática e conteúdo do livro foram debatidos: “O que não pode faltar num livro sobre o modo de vida e a história dos ribeirinhos da Terra do Meio?”, foi a pergunta norteadora.

Os pesquisadores formularam as perguntas relativas a cada tema e realizaram entrevistas em suas próprias localidades e em regiões próximas, fazendo uso de equipamentos de áudio, fotografia e GPS, compartilhando os resultados em reuniões ao longo da pesquisa.

Com a pesquisa, os jovens puderam acessar conhecimentos e práticas dos mais velhos, garantindo a transmissão dessas informações - fundamental para a manutenção e valorização desse repertório. “O inventário permitiu aos pesquisadores aprofundar o conhecimento sobre sua própria história e percepções sobre seu território, além de identificar a variabilidade nos modos de fazer existentes na região”, diz o texto.

ISA no beiradão

Há mais de dez anos trabalhando na região da Terra do Meio, o Instituto Socioambiental vem desenvolvimento um trabalho com ribeirinhos das Reservas Extrativistas Rio Xingu, Rio Iriri e Riozinho do Anfrísio e com comunidades indígenas da região. Juntos, buscam construir soluções para a economia extrativista local e fortalecer a proteção e gestão do território.

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