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A atividade, realizada na aldeia Piyulaga, Território Indígena do Xingu, tratou da gestão do trabalho e manejo das pimentas produzidas exclusivamente pelas mulheres
No terreiro das casas dos Wauja, povo que vive no Território Indígena do Xingu (MT), encontra-se uma enorme variedade de pimentas. São espécies manejadas tradicionalmente pelas mulheres, que as secam, moem e envasam para consumo e comercialização.
No TIX, as mulheres Wauja, Kisêdjê e Kawaiwete estão se organizando cada vez mais em busca de alternativas de geração de renda por meio da produção da pimenta. Este produto já faz parte da economia local, por meio da venda de seus excedentes e dos sistemas tradicionais de trocas. Com a demanda por comercialização em escala cada vez maior, novos modelos de gestão e adaptações de tecnologias se fazem necessários.
Assim, na aldeia Piyulaga foi realizada uma oficina de boas práticas de produção e processamento da pimenta e de introdução à metodologias de gestão. A atividade contou com a participação de 38 mulheres das mais diversas idades e alguns homens adultos e jovens que colaboraram na estrutura organizacional e tradução.
Durante a oficina, os participantes conversaram e aprenderam sobre as boas práticas de manipulação de alimentos. Além disso, debateram sobre formas de organização para a comercialização, com maior controle da produção e vendas. A construção de uma casa de pimenta, voltada apenas para a atividade, foi discutida pelos indígenas que já começaram a montar o projeto.
O valor do produto que as mulheres produzem foi longamente debatido. Mais do que a precificação da pimenta e do trabalho para sua produção, os conhecimentos associados a essa prática têm que ser levados em consideração. “As mulheres não estão apenas vendendo um produto. A pimenta é parte de sua cultura, e sua produção gera renda de uma maneira sustentável, que mantém a floresta em pé. Isso é de um valor enorme”, explica Maria Beatriz Monteiro, do ISA.
A expectativa é que as pimentas Wauja cheguem nas prateleiras no próximo ano.