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Mini-doc sobre os Awá Guajá isolados da Terra Indígena Araribóia e publicação organizada pelo ISA serão destaque no último dia da Mostra ISA 25 anos de Cinema Socioambiental, em São Paulo.
No próximo dia 23 de julho, o ISA convida a todos para refletir sobre a destruição da Amazônia e seu impacto direto para a existência dos povos indígenas isolados, que dependem unicamente dos recursos que a floresta oferece para sobreviver.
Nesse dia, na Unibes Cultural, será lançado o filme inédito Ka’a zar ukyze wà: Os donos da floresta em perigo. O mini-documentário é um alerta e pedido de socorro dos indígenas Guajajara, que dirigem o filme, para a proteção das florestas e de seus parentes isolados Awá Guajá, com quem compartilham a Terra Indígena Araribóia (MA). Um dos últimos povos caçadores e coletores do mundo, os Awá Guajá estão com os dias contados se a destruição continuar.
Além de detalhar a situação de extrema tensão e conflito na Araribóia, o filme apresenta as imagens de um encontro inesperado. Em agosto de 2018, alguns guajajaras se encontraram com um grupo de Awá Guajá durante uma caçada na mata. O momento foi registrado pelo cinegrafista Flay Guajajara, membro do Mídia Índia, um coletivo de comunicadores indígenas de diversas etnias. Flay dirige o documentário em parceria com Erisvan e Edivan Guajajara, que também compõem o coletivo.
Após a exibição, ocorrerá o debate com os diretores Flay, Edivan e Erisvan Guajajara. Olímpio Guajajara, coordenador dos Guardiões da Floresta, também estará presente no debate. Os Guardiões da Floresta são um grupo de guajajaras que combate as invasões à TI Araribóia.
Douglas Rodrigues, médico sanitarista que trabalha com povos indígenas de recente contato, e Tiago Moreira, antropólogo do programa de Monitoramento do ISA, também comporão a mesa de debate no dia.
No mesmo dia, será lançado também o livro: "Cercos e Resistências: Povos indígenas isolados na Amazônia". O livro traça um panorama sobre esses povos no Brasil e reúne artigos de pesquisadores que se debruçaram sobre diferentes temas e regiões, trazendo, em grande parte dos casos, a perspectiva dos indígenas contatados que compartilham o território com os grupos isolados. Uirá Garcia, pesquisador da Unifesp, escreve sobre os Awá Guajá, do Maranhão. Bruce Albert e Estevão Bertoni, sobre os isolados da Terra Indígena Yanomami (RR). Karen Shiratori, sobre os kawahiva que perambulam pelo sul do Amazonas, próximos aos índios Tenharim. O prefácio é de Eduardo Viveiros de Castro, um dos principais nomes da antropologia brasileira.
Por meio das Frentes de Proteção Etnoambiental, a Funai trabalha para proteger as áreas habitadas por esses indígenas, garantindo a sua existência ao manter a floresta em pé e livre de invasores. O livro traz o depoimento dos coordenadores dessas frentes, visões do front, de quem vive e atua nos rincões mais afastados da Amazônia.
Essas populações resistem nos últimos redutos de floresta, enquanto os não indígenas aproximam-se cada vez mais em sua busca por riquezas. Em algumas regiões, como os Kawahiva do Rio Pardo, no Mato Grosso, ou os Awá Guajá, no Maranhão, os isolados sobrevivem a seu modo a poucos quilômetros de garimpeiros, caçadores e madeireiros. Uma vida em fuga, protegendo-se na invisibilidade que a floresta oferece.
Mostra ISA 25 Anos de Cinema Socioambiental
Onde: Unibes Cultural - Rua Oscar Freire, 2500
Quando: 23/7
Horário: 20h
Sessão sujeita a lotação