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Estudantes e extrativistas unidos pela economia da floresta no Pará

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Roberto Almeida




Alunos da Faculdade de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Pará (UFPA) participaram em Uruará, município paraense na região de Altamira, de um intercâmbio para conhecer os processos de beneficiamento e boas práticas de produtos da floresta, como o coco babaçu e a castanha-do-Pará.

O intercâmbio foi realizado em outubro em parceria entre a Associação Agroextrativista Sementes da Floresta (AASFlor) e o Instituto Socioambiental (ISA). A AASFlor faz parte da Rede de Cantinas da Terra do Meio, composta por 27 cantinas e oito miniusinas espalhadas pelo mosaico de áreas protegidas da Terra do Meio e baixo Xingu.

As cantinas são coletivos de beiradeiros, indígenas e pequenos agricultores organizados para a produção e comercialização de produtos dos povos da floresta. Esses coletivos gerenciam capital de giro próprio que viabiliza essa produção e comercialização de forma transparente e autônoma, avalizada pela iniciativa Origens Brasil®.

Os estudantes da UFPA estiveram na comunidade Deus dos Pobres, onde conheceram uma miniusina multiprodutos instalada dentro da comunidade, que agrega mais valor à produção e alia conhecimento tradicional a inovações tecnológicas.

Eles acompanharam também a extração do óleo da amêndoa do coco babaçu e a moagem do mesocarpo para fabricação da farinha de babaçu, bem como o embalamento e a finalização do produto. Como resultado, comemoraram a aproximação da academia à realidade local.

"Essa união entre o conhecimento técnico e a vivência das comunidades traz novas práticas para beneficiamento e manejo dos recursos naturais de forma sustentável", ressalta Plínio Morais, estudante de engenharia florestal. "Passamos a ter o entendimento da vivência para desenvolver soluções, condições de mercado e novas tecnologias."

Para Marllison Borges, técnico do ISA que acompanhou a atividade, é importante fomentar a difusão das tecnologias e formas de gestão social da Rede de Cantinas da Terra do Meio para que a produção ganhe uma escala ainda maior e abra novas portas para o mercado.

"É uma oportunidade de viver uma experiência única dentro do curso, que é entender a rotina de comunidades tradicionais trabalhando com técnicas e tecnologias de ponta dentro da floresta", afirma Borges.

A expectativa é que os intercâmbios entre alunos das universidades e comunidades continuem a ser realizados nos próximos anos.

Vem do Xingu

Beiradeiros, indígenas e agricultores familiares da região da Terra do Meio são protagonistas da produção de uma cesta de mais de 10 produtos.

Borracha, castanha, óleos, farinhas e sementes florestais que encontraram parceiros compradores que, por sua vez, prezam pela sensibilidade, pela transparência, pela garantia de origem e pela qualidade.

As associações que fazem parte da articulação lançaram a marca coletiva Vem do Xingu, que apresenta a diversidade produtiva de um território historicamente ameaçado pela grilagem, pelo roubo de madeira e, agora, pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Em parceria com empresas, a Rede de Cantinas da Terra do Meio já viabilizou a comercialização de produtos em grande escala, como a castanha-do-Pará para a empresa de pães e bolos Wickbold e a borracha para a Mercur.

Saiba mais sobre a diversidade produtiva da região da Terra do Meio (PA):

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