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A exposição Povos Indígenas no Brasil 1980/2013 – Retrospectiva em Imagens da Luta dos Povos Indígenas no Brasil por seus Direitos Coletivos foi aberta, na tarde de ontem (19/11), na Praça do Museu da República, em Brasília, com uma visita de três dos mais importantes líderes indígenas brasileiros dos últimos 30 anos.
Raoni Metuktire, Davi Kopenawa e Marcos Terena, protagonistas de vários dos momentos retratados nas imagens da mostra, rememoraram episódios marcantes das lutas pelos direitos indígenas, desde a Constituinte (1986-1988) até as mobilizações recentes (veja galeria de fotos no final da notícia).
O comentário geral foi de que, apesar dos inúmeros avanços conquistados nessas décadas, os povos indígenas precisam continuar unidos na luta em defesa de suas terras e seus direitos.
“Os políticos deveriam ver essa exposição para que eles possam aprender a respeitar os direitos indígenas, para que não aconteça o que aconteceu antes”, afirmou Kopenawa. Ele disse que a exposição o fez relembrar tempos de luta, mas também de violência.
Algumas fotos da mostra retratam consequências da invasão de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami (AM/RR), entre 1985 e 1993. Calcula-se que entre 10% e 15% da população na área tenha sido dizimada no período.
Davi acredita que a nova geração de lideranças indígenas está mais preparada para enfrentar os problemas atuais dos povos indígenas, como a volta das invasões de garimpeiros. “Estão querendo estragar a nossa terra de novo. Não vamos deixar. Estamos mais preparados. Antigamente, muitas lideranças não sabiam defender seus direitos, nem sabiam falar português. Nossos filhos, hoje, sabem escrever, reclamar com o governo e os políticos”, disse o líder Yanomami.
“O maior problema continua sendo nossa terra. Estou preocupado com a futura geração do meu povo”, alertou Raoni Metuktire. Ele afirmou que os Kayapó continuam lutando para proteger seu território das invasões. O líder Kayapó aparece em uma das fotos mais marcantes da exposição, puxando a orelha do então ministro do Interior do governo militar, em 1984, Mário Andreazza. “Aceito ser seu amigo, mas você tem de ouvir o índio”, informa a legenda.
“Esses movimentos que estão retratados mostram situações de avanço, de cooperação, quando todos lutavam por objetivos comuns. Conquistamos espaços, ajudamos a pensar e a elaborar várias mobilizações”, lembrou Marcos Terena.
Para ele, dois dos principais desafios atuais do movimento indígena são a aprovação do Estatuto dos Povos Indígenas, que está parado no Congresso há vários anos, e a regulamentação do Capítulo dos Direitos Indígenas na Constituição.
Poder evocativo
“Apostamos no poder evocativo dessas imagens e pelos primeiros indícios parece que vai funcionar. As fotos rendem muitos comentários, muitas histórias”, destacou o curador da exposição, Beto Ricardo, do ISA. Ele comenta que um dos principais objetivos da mostra é comemorar os 25 anos da Constituição e reafirmar seu capítulo dos direitos indígenas.
Beto Ricardo concorda que um dos desafios da iniciativa será mostrar a importância da luta pelos direitos indígenas nos últimos 30 anos para as novas gerações que não viveram o período. “Esperamos que essa exposição possa contribuir para que os direitos indígenas sejam efetivados e consolidados no Brasil e no mundo”, finalizou.
À noite, um coquetel e um show com a cantora Elle Márjá Eira, do povo indígena Sami, do norte da Noruega, animaram as cerca de 700 pessoas que compareceram ao evento. A embaixadora da Noruega, Aud Marit Wiig, a presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Augusta Assirati, o secretário Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Antônio Alves de Souza, e o ex-presidente da Funai Márcio Meira estiveram no lançamento.
A mostra comemora os 30 anos do Apoio Norueguês aos Povos Indígenas no Brasil e os 25 anos da Constituição. O projeto é uma realização da Embaixada da Noruega no Brasil e do ISA.
Composta por 43 fotos, apresentadas em ordem cronológica, clicadas por 33 fotógrafos, com mapas e textos de apoio, em português e inglês, a mostra vai itinerar em 2014 por São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Oslo (Noruega). A maior parte das fotos foi publicada originalmente na imprensa ou nos volumes da série Povos Indígenas no Brasil, elaborada, inicialmente, pelo Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi) e, a partir de 1994, pelo ISA, com apoio do governo norueguês.
A exposição traz momentos e personagens históricos, retratados num período de 33 anos no qual os povos indígenas saíram da invisibilidade para entrar de vez no imaginário e na agenda do Brasil contemporâneo. O marco desse processo foi o capítulo dos direitos indígenas da Constituição.
Entre outros temas, as imagens retratam a batalha pelo reconhecimento das Terras Indígenas; a resistência às invasões de garimpeiros e madeireiros; o apoio de músicos como Sting e Milton Nascimento; a apropriação das tecnologias do homem branco para a preservação de sua cultura; as ameaças aos últimos povos “isolados”; as mobilizações recentes pela garantia de seus direitos.
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