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Democracia em luto (Abalo democrático)

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O destino caprichou e produziu um abalo histórico em poucos segundos. Acidentes aéreos trágicos sempre repercutem. A morte de um candidato à presidência seria impactante em qualquer hipótese. Independentemente da causa, que ainda precisa ser esclarecida, a tragédia que abateu Eduardo Campos e outras seis pessoas comoveu o país e enlutou o processo sucessório para além de qualquer outra situação.

Pesquisas eleitorais recentes indicam que Eduardo Campos seguia sendo desconhecido para 40% dos eleitores que, ironicamente, só o puderam conhecer depois de morto. Similarmente, suas propostas para o Brasil tiveram mais destaque e receptividade nas 24 horas seguintes à tragédia do que haviam tido até aqui. Foi como se a nação descobrisse que perdeu um presidente antes mesmo de poder elegê-lo.

Espremida entre a máquina do governo e o núcleo duro do poder econômico, sua candidatura enfrentava, ainda, o ceticismo da mídia e da própria sociedade em relação às más condições da política e à baixa expectativa frente às eleições. A morte (que frequentemente santifica as pessoas que nos deixam frente às que ficam) dissolveu o preconceito, o descrédito e a manipulação, chamando a atenção de todos para o núcleo do seu pensamento, a diferença da sua postura e o poder da sua energia, da sua alegria, da sua disposição.

A democracia amanheceu hoje amputada. Mais ainda: revelando, a posteriori, suas nuances excludentes, que operaram de determinada forma para inviabilizar a candidatura da Marina Silva pela Rede Sustentabilidade e, de outra, para diluir a candidatura do Eduardo Campos como opção, então efetiva, ao mesmismo tucano-petista dos últimos 20 anos.

O PSB e as demais forças coligadas têm a história nas mãos. O Brasil espera que percebam que germinou a semente lançada por Eduardo Campos, de forma tardia para que pudesse ser cuidada por ele mesmo, mas ainda passível de sobreviver e de se fortalecer com o sentimento da nação, que já não quer permanecer nesse atoleiro.