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Baixa expectativa em relação à COP-21

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Victor Pires

Baixa expectativa. Eduardo Viola, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), não está otimista com a Conferência do Clima de Paris, em dezembro. Para ele, a maior parte dos principais atores globais na questão climática não tem metas suficientes para a descarbonização de suas economias. “Por que Paris vai produzir um acordo muito limitado? Porque no centro do sistema nós temos apenas uma unidade, a União Europeia, que tem um compromisso consistente com a descarbonização. Nós temos dois no meio [EUA e China] com políticas de descarbonização parcial, muito defasados com o que seria necessário. Por último, temos a Índia, com um crescimento totalmente intensivo em carbono”, analisa Viola. Colocar o acordo em prática e punir os países que desrespeitam as metas também é um problema sério, pois “o nível de governança global é pobríssimo”, de acordo com o professor. Ele participou do seminário COP 21 em Pauta, promovido pela ANDI – Comunicação e Direitos e pela Climate and Land Use Alliance (CLUA), em Brasília, nos dias 28 e 29/9. “O Brasil é um exemplo claro de que você pode reduzir emissões sem fazer um desenvolvimento de baixo carbono”, comentou Eduardo Viola. “Nesse ponto, à diferença do que a maioria da mídia diz, o Brasil é muito atrasado entre os chamados países em desenvolvimento”.

Dica de filme. Um documentário sobre mudanças climáticas para pessoas que não gostam de filmes sobre o clima. Essa é uma das propostas de This Changes Everything, do diretor Avi Lewis. O filme foi inspirado no livro homônimo escrito por Naomi Klein – esposa do diretor – e busca mostrar, de forma clara, a conexão entre os níveis de carbono na atmosfera e o sistema econômico. Lewis mostra a realidade de comunidades que lutam contra o avanço dos agentes causadores das mudanças climáticas, como os combustíveis fósseis. O documentário foi filmado em nove países ao longo de quatro anos (assista abaixo).


Polêmica energética. Há menos de duas semanas, os 193 países membros da ONU adotaram, por unanimidade, 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), com 196 metas. Duas delas podem parecer incompatíveis: garantir acesso universal a energia moderna e tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas. O setor energético é responsável por grande parte das emissões mundiais de gases de efeito estufa. Charles Kenny, escritor e membro sênior do Center for Global Development, levanta polêmica ao questionar a capacidade de as tecnologias existentes suprirem a enorme demanda futura por eletricidade de forma sustentável – hoje, mais de um bilhão de pessoas não têm acesso a energia elétrica. “Fingir que as tecnologias já existem para evitar conflitos entre preocupações ambientalistas e desenvolvimentistas não ajuda”, contesta Kenny. O caminho, de acordo com o especialista, é o investimento robusto em pesquisa e criação de novas tecnologias, para que o clima seja controlado ao mesmo tempo em que pessoas pobres ao redor do mundo alcançam melhor qualidade de vida. Acesse aqui (em inglês).

Pesquisa de opinião. As notícias sobre a Conferência do Clima de Paris têm foco, principalmente, nas metas e propostas dos governos para o combate ao aquecimento global. O setor empresarial também tem importância inegável na questão. Esses são alguns resultados de uma pesquisa conduzida pelo grupo Business for Social Responsibility (BSR) em associação com a Globe Scan, divulgada na última semana. O trabalho mostra que as mudanças climáticas são preocupação crescente das grandes corporações. Os dados evidenciam que 60% dos entrevistados consideram as mudanças climáticas uma “prioridade significativa”. A importância dada ao tema estava em queda desde 2011, de acordo com a pesquisa, que é anual e está em sua sétima edição. Em entrevista ao jornal The Guardian, a vice-presidente do BSR, Laura Gitman, disse que “tem havido um foco muito maior em quais riscos e oportunidades as mudanças climáticas impõem aos negócios”. O levantametno foi realizada com “440 profissionais de sustentabilidade de 196 das maiores e mais influentes empresas multinacionais atualmente”. Leia aqui (em inglês).

América Latina. O jornalista costa-riquenho especializado em energia e mudanças climáticas Diego Arguedas Ortiz vê 2015 como um ano crucial para a América Latina. Para ele, é o momento em que os países da região podem adotar novas estratégias de desenvolvimento e abandonar modelos “do século passado”. Entre os pontos abordados por Ortiz em artigo publicado na semana passada, está a grande dependência das matérias-primas nas economias locais: apesar de disponibilizar divisas e emprego, elas geram pouco valor agregado. Além disso, as atividades extrativistas aumentam a vulnerabilidade social e ambiental das comunidades ao redor. Ortiz também reforça que a geração de energia também deve priorizar fontes renováveis. Leia aqui (em espanhol).