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Um incêndio está ameaçando índios isolados e outros de contato recente no oeste do Maranhão. Ele começou, há um mês, na Terra Indígena (TI) Alto Turiaçu e alastrou-se para o sul, nas TIs Awa e Caru, atingindo uma população de 365 indígenas Awa-Guaja de recém contato e cerca de 60 isolados. Ainda não é possível determinar as proporções da área queimada, mas relatos atestam que o fogo espalha-se rapidamente pelo território.
Os Awa são caçadores e coletores, dependem exclusivamente da floresta para sobreviver. Madalena Borges, do do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), encontra-se na aldeia Awa, na TI Caru, e descreve um cenário de calamidade. “O povo está desesperado. O rio está secando e os peixes estão morrendo. Sem essa terra, que está sendo queimada, vamos presenciar a extinção desse povo”, adverte. Ela conta que um grupo de dez indígenas tenta apagar o fogo nas imediações da aldeia Awa, mas que os focos de incêndio continuam se multiplicando.
“A questão dos Awa já é gravíssima. A situação dos isolados é de vida ou morte!”, alerta Marina Magalhães, linguista que trabalha com os Awa. A grande preocupação é o impacto do incêndio nos grupos de indígenas isolados que vivem espalhados pelo território. Marina conta que, quando começaram os focos de incêndio na TI Alto Turiaçu, um grupo que se mobilizou para apagar o fogo fez rondas pela região para tentar encontrar alguns isolados e resgatá-los, mas ainda não teve sucesso.
Apenas no último ano, foram contabilizados 684 focos de incêndio na TI Alto Turiaçu, 718 na TI Awa e 76 na Caru. O alto índice de desmatamento, ao redor e dentro das Terras Indígenas, aumenta a incidência de queimadas na região. Há suspeitas de que haja incêndios criminosos.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que três equipes com integrantes do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo) e do Exército chegarão na área neste sábado (28/11).
Fogo no Maranhão
Recentemente, outra TI no Maranhão foi atingida por um incêndio de grandes proporções. A TI Araribóia perdeu cerca de 220 mil hectares de floresta, mais da metade da área total. O fogo deixou em perigo 12 mil indígenas Guajajara e 80 Awá. A queimada só foi controlada no fim de outubro, mais de um mês após seu início (leia mais).