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Com dez anos de existência, a Associação Rede de Sementes do Xingu acumula inúmeras histórias, desafios e vitórias. Ao todo, já foram viabilizados a recuperação de mais de 5 mil hectares de áreas degradadas na região da Bacia do Rio Xingu e Araguaia e outras regiões de Cerrado e Amazônia. Foram utilizadas 175 toneladas de sementes nativas coletadas e beneficiadas por 450 coletores, gerando uma renda de R$ 2,5 milhões para as comunidades.
Na região das cabeceiras do Xingu, Estado do Mato Grosso, o histórico recente de uso e ocupação do território representou elevadas taxas de desmatamento, especialmente em áreas de nascentes e matas ciliares. Esse quadro motivou esforços voltados a medidas de adequação socioambiental, reunidos na campanha Y Ikatu Xingu, lançada em 2004. Por meio dela, difundiu-se a restauração florestal principalmente por meio da semeadura direta, a custos mais baratos em relação aos métodos tradicionais.
A implementação dessa técnica gerou uma demanda concreta por sementes para os plantios, que levou à estruturação, em 2007, da Rede de Sementes do Xingu, um sistema de produção comunitária de sementes florestais que constituiu um marco da união de diferentes atores sociais da região em prol de um objetivo comum.
“A Rede de Sementes do Xingu é muito mais do que um projeto, é uma iniciativa que reúne uma constelação de propósitos de diferentes pessoas e organizações que enxergam na Rede uma forma interessante, viável e próspera de atingir seus objetivos - com a valorização da floresta, do Cerrado e das pessoas que cuidam disso”, conta Rodrigo Junqueira, do Conselho Curador da Rede e coordenador do Programa Xingu do ISA.
Uma década depois, a experiência mostra como a produção de sementes florestais para a restauração de ecossistemas degradados pode constituir um caminho para valorização da biodiversidade com inclusão socioeconômica.
No final de julho o um grande encontro da Rede de Sementes do Xingu vai acontecer no pólo Diauarum, no Território Indígena do Xingu, para comemorar o aniversário. Além do encontro, será realizada a 3ª Assembleia Geral da Associação. O evento será uma oportunidade para relembrar o histórico da Rede e debater perspectivas futuras.
A forma de funcionamento da Rede promove a articulação de demandas e ofertas para a restauração. Para isso, os coletores de sementes anualmente planejam seu potencial de produção, enquanto a central administrativa estabelece contratos e parcerias com compradores. A relação entre a oferta de sementes dos coletores e a demanda do mercado estabelece a produção anual. Assim, cada semente tem a sua comercialização assegurada, retornando como renda para os coletores.
Esse modelo se consolidou como um exemplo de negócio social de base florestal na Amazônia brasileira, com promoção de conhecimentos locais, conservação da biodiversidade, aprimoramento da qualidade de vida familiar e fortalecimento das relações de cooperação e da organização social dos coletores de sementes. Saiba como funciona a Rede de Sementes/.