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Yanomami dão mais um passo na estruturação do ecoturismo

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O Plano de Visitação ao Pico da Neblina foi entregue à Funai e ao ICMBio, em cerimônia que contou com a presença de mais de 200 pessoas, durante assembleia da Ayrca
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Depois de quatro anos de trabalho na construção da primeira startup de turismo yanomami, os Yanomami entregaram à Funai e ao ICMBio o Plano de Visitação ao Pico da Neblina (chamado Yaripo), durante a Assembleia da Ayrca (Associação Yanomami do Rio Cauburis e Afluentes)em 26 de julho passado, em São Gabriel da Cachoeira. A entrega é uma etapa fundamental na estruturação do ecoturismo de base comunitária que vem sendo desenvolvido com as comunidades da região de Maturacá (AM).





A elaboração do plano teve sete etapas das quais os Yanomami das seis comunidades da região participaram ativamente. Além de lideranças tradicionais, diretores das associações locais - Ayrca e Kumirayoma -, professores e agentes de saúde, os participantes eram jovens em sua maioria, interessados em trabalhar com o ecoturismo. O plano, além de atender as regulamentações da Funai e do ICMBio, também contempla os anseios dos Yanomami em desenvolver um tipo de turismo que respeite sua cultura e costumes.



A entrega do documento se deu diante de mais de 200 pessoas de toda a região, em uma cerimônia no qual lideranças tradicionais e envolvidos no projeto anunciaram o forte desejo de tornar realidade o ecoturismo ao Yaripo. O papel dos parceiros na construção do projeto foi lembrado e bastante ressaltado o apoio deles na capacitação dos indígenas e na estruturação do ecoturismo.





A cerimônia aconteceu logo após a realização de uma nova expedição técnica ao Yaripo que teve como objetivos diagnosticar e propor melhoras aos pontos críticos da trilha e testar um sistema de radiocomunicação que permita a comunicação com a aldeia durante todo o percurso até o cume do Yaripo. Tais ações buscam melhorar as condições de segurança da atividade turiística. O diagnóstico da trilha foi realizado por Nelson Brugger, coordenador de Meio Ambiente da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME). Também participaram da expedição representantes da Funai, do ICMBio, do ISA, da Universidade de Boston e o jornalista Marcelo Leite, da Folha de São Paulo, acompanhado do fotógrafo Marcos Amend. Leite fez uma matéria especial sobre a startup de turismo yanomami, publicada pelo jornal neste domingo, 10 de setembro, em versão impressa e web, que pode ser visualizada aqui.

As próximas etapas para finalizar a estruturação do turismo na região serão: instalação de um sistema de radiocomunicação; melhora nos pontos mais verticais da trilha; capacitar os guias e carregadores em primeiros socorros. E estão previstas para acontecer ainda em 2017. Outra etapa importante, sob responsabilidade da Funai e ICMBio, é a avaliação do Plano de Visitação. Ele precisa ser aprovado por essas instituições para que os Yanomami possam reabrir a trilha para os turistas, o que está previsto para o segundo semestre de 2018.

Parceiros

Os principais parceiros que estão atuando diretamente na construção do etnoturismo Yaripo são: Funai, ICMBio, Exército, Sematur (Secretaria de Turismo do Município de São Gabriel da Cachoeira) e ISA (Instituto Sociambiental) e mais recentemente a Universidade de Boston.

O etnoturismo Yaripo é uma iniciativa turística inovadora, toda administrada e conduzida pelos yanomami, e irá possibilitar que turistas do mundo todo possam conhecer a exuberância da floresta amazônica, acessar o cume mais alto do Brasil e aprender um pouco da cultura e dos conhecimentos que os yanomami detêm. Participar desse tipo de turismo, além de ser uma jornada pessoal de superação, é apoiar uma alternativa econômica sustentável que contribui com a proteção da sociobiodiversidade.

Para os interessados em subir o Yaripo é possível se inscrever em uma lista de espera aqui.

Para saber mais, veja também:

Expedição de Etnomapeamento ocorrida em julho de 2016.

Especial Yaripo para o novo Google Earth.

Lucas Lima
ISA
Imagens: