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Muvuca do Xingu chega ao Vale do Paraíba

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Uma parceria entre o ISA, o Instituto Coruputuba, a Associação Corredor Ecológico do Vale do Paraiba, o Despertar do Gigante e The Nature Conservancy está promovendo ações de restauração, conservação e desenvolvimento de paisagens, levando em conta o patrimônio histórico do Vale do Paraíba, berço de históricas fazendas de café dos séculos XVIII e XIX, situado entre São Paulo e Rio de Janeiro

Várias técnicas de plantio já foram testados na região, no município de Cachoeira Paulista (SP) e o desafio agora é utilizar a semeadura direta – sistema popularizado com o termo “muvuca de sementes” - em áreas íngremes onde a mecanização não é possível e onde o plantio de mudas é mais trabalhoso.

Assista ao vídeo.

Há cerca de 10 anos, a muvuca começou a ser utilizada na restauração de áreas degradadas importantes para a produção de água nas bacias dos rios Xingu, Teles Pires, Araguaia e Paraguai, no Mato Grosso e Goiás, na Bacia do Rio São Francisco, na Bahia, na Bacia do Paraná em Mato Grosso do Sul, mas ainda muito pouco no Estado de São Paulo, na região da Serra do Mar e da Mantiqueira.



O plantio é direto na terra e mecanizado onde predominam áreas planas. Já no Vale do Paraíba, região de Mata Atlântica com manchas de Cerrado, o grande desafio é restaurar a vegetação nativa em áreas íngremes. Por isso, as organizações envolvidas nessas ações estão testando novos modelos de restauração, que possam associar redução dos custos de implantação a ganhos futuros com a produção sustentável, trazendo os ganhos sociais, econômicos e ambientais da semeadura direta. Resgatou-se assim o carro de boi, da cultura tropeira local, que vem sendo usado para arar e semear a terra.



Sementes quilombolas




As sementes que estão sendo utilizadas nessa nova experiência vieram de duas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira - Nhunguara e Maria Rosa – no sul do Estado de São Paulo. Trata-se também de uma região de Mata Atlântica, onde o ISA trabalha e está iniciando a formação de uma rede de sementes, a exemplo da Rede de Sementes do Xingu que fornece matéria-prima para os plantios em Mato Grosso, fronteira agrícola no sul da Amazônia. Foram comprados 21 quilos de sementes de 11 espécies nativas, fruto do trabalho de 12 coletores quilombolas.

“São plantios com alta densidade de árvores, plantas de adubação verde e plantas da roça, que podem ser colhidas cada uma a seu tempo, como abóbora e maracujá nos primeiros anos, cajá e cambuci nos anos subsequentes”, explica Eduardo Malta, assessor do ISA, e especialista em restauração florestal. Além disso, as árvores que vão nascer, crescerão para cima, reto, porque terão sombra na lateral formada por outras plantas.

A formação de redes de sementes pode direcionar para um futuro mais socioambiental na restauração florestal do país, proporcionando emprego e renda para comunidades que cuidam da floresta em pé e são a essência para restaurar novas florestas. Os resultados serão melhorias no clima, na água, na gama de polinizadores e predadores naturais de pragas agrícolas, formando paisagens rurais mais diversificadas e inteligentes, rumo a uma melhor sustentabilidade econômica.

Feira trará plantio de sementes de frutas nativas e gastronomia ao Parque Villa Lobos (SP)

Promovida pelo Instituto Coruputuba, a Feira Viva Verão vai acontecer no dia 24 de fevereiro no Parque Villa Lobos, zona oeste de São Paulo, e é aberta ao público. O evento reunirá uma seleção de produtores rurais comprometidos com a produção sustentável, com produtos de forte identidade regional, conhecendo o trabalho de turismo rural de comunidades e fazendas que integram história, meio ambiente e agricultura. Agricultores quilombolas do Vale do Ribeira estarão presentes para mostrar suas sementes e sua produção. Os visitantes poderão conhecer a experiência de restauração florestal por semeadura direta e acompanhar um plantio com muvuca de sementes.

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