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Durante 20 minutos, jovens indígenas e assentados da agricultura familiar narram as dificuldades que precisam driblar para continuar a coletar sementes, fonte de renda e essencial na conservação e restauração dos recursos naturais. O grupo foi acompanhado por um ano, em 2016, quando participou do curso Sementes Socioambientais, promovido pela Rede de Sementes do Xingu. Daí também resultou o livro O que será de nossas sementes?, Pesquisa intercultural sobre as mudanças climáticas no Xingu-Araguaia, publicado em 2017.
Entre os impactos do agronegócio sobre os cerrados e florestas da região, está a intensificação de mudanças ambientais. O jovem Oreme Ikpeng, da aldeia Moygu, no Território Indígena do Xingu, conta que se não trabalhasse com sementes não saberia o que são as mudanças climáticas. Ele é o elo em sua aldeia, como é chamado o responsável pela articulação de organização de atividades do núcleo que realiza a coleta.
Dona Vera, mãe da jovem coletora Milene Alves, de Nova Xavantina (MT), relata que as margens do rio onde a água alcançava um metro de altura, agora estão secas. A água recuou. “A gente não entendeu o que aconteceu aqui”, conta. Milene, que a partir da coleta de sementes decidiu cursar biologia na Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat), explica que antes as sementes da espécie landi (Calophyllum brasiliense) caíam na água, boiavam e eram coletadas. Com o recuo das águas, agora elas caem direto na terra, perdem água e qualidade.
Outro exemplo das alterações que essa região enfrenta é dado por Tawa, que também é elo. Ele conta que os caititus não encontram mais alimentos na mata e por isso invadem as roças e plantações em busca de comida, destruindo o que encontram pela frente. Em sua opinião isso se dá pelo desmatamento intensificado pelas grandes plantações de monocultura e aumento da pecuária no entorno do Território Indígena do Xingu. Os sinais que a natureza dava também estão falhando. “A gente seguia os sinais, mas não é mais como era”, conta Oreme.
O jovem Anderson Barbosa, do Assentamento Bordolândia, em São José do Xingu, relata que o veneno que é jogado nas plantações de soja das fazendas que ficam no limite do assentamento, contaminam a água do rio. “O avião passava e dias depois as plantas murchavam”, diz. A princípio acharam que podia ser cupim, mas depois perceberam que era o veneno das plantações levado pelo vento.
O documentário em curta-metragem foi premiado como melhor fotografia no Festival dos Sertões e selecionado para mostras no Cinecipó – Festival do Filme Insurgente e VI Congresso Latino-americano de Agroecologia.
Assista abaixo:
Realização: Associação Rede de Sementes do Xingu
Produção: Associação Rede de Sementes do Xingu, Instituto Socioambiental e Volante Filmes
Concepção do Projeto e pesquisa: Danilo Urzedo, Dannyel Sá e Raíssa Ribeiro
Direção: Otávio Almeida
Roteiro: Isabel Harari e Otávio Almeida
Produção executiva: Danilo Urzedo, Dannyel Sá e Raíssa Ribeiro
Legendas em inglês: Danilo Urzedo e Robert Fisher
Jovens pesquisadores do curso Sementes Socioambientais: Abeldo Virawê, Ana Cláudia Barbosa, Arikutuá Waurá, Katuma Ewoera Ikpeng, Luiz Eduardo da Silva, Mani Kawarytu Kaiabi, Rodrigo Ramos Koling, Rodrigo Santos da Silva, Tailane de Souza, Milene Alves, Anderson Barbosa, Tawaiku Juruna, Oreme Ikpeng
Sobre a Associação Rede de Sementes do Xingu
A Associação Rede de Sementes do Xingu é uma rede de trocas e encomendas de sementes de árvores e outras plantas nativas das regiões do Xingu, Araguaia e Teles Pires. Com dez anos de existência, já foram viabilizados a recuperação de mais de 5 mil hectares de áreas degradadas na região da Bacia do Rio Xingu e Araguaia e outras regiões de Cerrado e Amazônia. Foram utilizadas 201 toneladas de sementes de mais de 220 espécies nativas. As sementes são coletadas e beneficiadas por 600 coletores, gerando uma renda de R$ 4,2 milhões repassadas diretamente para as comunidades. A iniciativa se consolidou como a maior rede de comercialização de sementes nativas do Brasil. (http://sementesdoxingu.org.br)
Sobre o Videocamp
A plataforma online Videocamp reúne filmes considerados de impacto – que apontam causas urgentes, que retratam situações que precisam ser destacadas, que ampliam o olhar para temas sensíveis e que, sobretudo, promovem um mundo mais justo, solidário, sustentável e plural. Estão disponíveis para exibições públicas gratuitas e procuram alcançar o maior número possível de pessoas. (https://www.videocamp.com/pt)