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Tempestade no Rio: autoridades ainda não entenderam que clima do país mudou

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Governos precisam parar de brincar com palavras e adotar medidas de adaptação às mudanças climáticas, avalia Observatório do Clima

O Observatório do Clima se solidariza com a população do Rio de Janeiro, em especial com os parentes e amigos das vítimas do temporal que despencou sobre a cidade entre a noite de ontem (8) e hoje (9), deixando até a tarde desta terça-feira oito pessoas mortas.

Em alguns bairros, choveu em quatro horas mais de uma vez e meia o esperado para o mês inteiro, segundo a Climatempo. De acordo com medições do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em duas estações da cidade, a chuva acumulada em 24 horas passou de 300 milímetros. É quase o triplo da média para o mês.



Este é o terceiro episódio de chuva extrema no Rio apenas este ano. Entre 6 e 7 de fevereiro, sete pessoas morreram num temporal também atípico, mas mais leve que o deste outono. Entre as razões do grande volume de água fora de época, segundo os meteorologistas, está o aquecimento anormal das águas do Atlântico no litoral do Sudeste, que também nos brindou com a tempestade tropical Iba, no mês passado. Na última semana, quatro pessoas morreram no Piauí após tempestades.

Todos esses extremos climáticos, cada vez mais graves e frequentes, mostram que o clima do Brasil mudou e atingiu um novo normal, em que o que era raro ficou comum. Autoridades como o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), parecem ainda não ter entendido isso, e seguem atribuindo desastres a “condições atípicas” do tempo. No governo federal, luminares como os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo-SP) e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, insistem em que a mudança climática é uma mera discussão acadêmica ou uma conspiração esquerdista.

Passa da hora de os representantes eleitos dos brasileiros pararem de brincar com palavras e de tergiversar sobre o tempo. A adaptação às mudanças climáticas é urgente para salvar vidas e proteger patrimônio. Deixar gente morrer em decorrência do clima por situações evitáveis é, cada vez mais, dolo eventual.

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