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Pandemia da Covid-19 torna urgente expulsão de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami

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Na terça-feira, foi confirmado o primeiro caso de um Yanomami com o novo coronavírus; 20 mil garimpeiros invasores podem ser vetor da doença e criar situação devastadora
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A divulgação nesta terça-feira 7/4 do teste positivo para Covid-19 do primeiro Yanomami contaminado pelo novo coronavírus coloca toda a população indígena dessa etnia e de outras em Roraima em alerta máximo.

Hoje, sem dúvida, o principal vetor da Covid-19 dentro da Terra Indígena Yanomami é formado pelos mais de 20 mil garimpeiros que entram e saem do território sem nenhum controle. Os Yanomami, assim como outros povos indígenas, estão entre os grupos mais vulneráveis aos impactos da Covid-19 e devem ser urgentemente protegidos, sob risco de genocídio com a cumplicidade do Estado brasileiro.

O rapaz, de 15 anos, encontra-se internado no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista, desde o dia 3/4. A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e a Funai devem apurar detalhes sobre este caso, incluindo a identificação do local de contaminação e das eventuais pessoas que tiveram contato com o jovem yanomami.

Procurada, a Funai emitiu nota em que reforça a necessidade de isolamento das comunidades indígenas e seu esforço de articulação para ações de monitoramento e proteção territorial. Segundo ela, a Terra Indígena Yanomami está entre os territórios prioritários para uma ação de fiscalização nesse momento. As Terras Indígenas Apyterewa, Trincheira Bacajá, Kayapó, Munduruku, Sai-Cinza, Sararé e Vale do Javari também foram citadas. Nesta quarta-feira (8/4) Sesai, informou, em nota, que o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami não foi notificado sobre o caso pela Unidade de Notificação (Hospital Geral de Roraima-Sesau).

Diante do agravamento da situação das invasões e a escalada da pandemia em todo o Brasil, porém, a situação demanda resposta rápida e extraordinária dos órgãos federais e autoridades responsáveis. Os Yanomami são um povo considerado de recente contato e possuem diversas condições culturais e sociais que os tornam mais vulneráveis à pandemia. Desde a chegada do vírus no país, especialistas têm alertado para o alto risco da doença para os povos indígenas. Casas compartilhadas, utensílios que circulam entre várias pessoas e a dificuldade de acesso à itens como sabão e álcool em gel tornam o combate ao vírus muito mais complexo nessas comunidades (leia aqui).

O jovem yanomami internado pertence a uma comunidade na região do Rio Uraricoera, uma das mais afetadas pela invasão garimpeira. Os milhares de garimpeiros que estão hoje dentro da Terra Yanomami não devem cessar suas atividades por conta da pandemia. Pelo contrário: com a crise econômica decorrente da crise sanitária global, o preço do ouro está batendo novos recordes a cada semana, incentivando a prática da atividade ilegal, em mais uma "corrida pelo ouro". Soma-se a isso o desmonte da política ambiental promovida sistematicamente pelo atual governo federal — que fragiliza as ações de repressão ao garimpo ilegal — e a posição reiterada do próprio presidente da República em favor da atividade, estimulando a invasão das Terras Indígenas.

O monitoramento feito pelos próprios Yanomami demonstra que hoje o garimpo em suas terras vem aumentando consideravelmente. Estradas para tráfego de quadriciclos já foram identificadas pela Funai e servem para abastecer os garimpos, que também contam com os serviços conhecidos de aeronaves, helicópteros e barcos. É urgente que estes invasores sejam retirados do território indígena para evitar o avanço da pandemia entre as comunidades. A disseminação do vírus pode ter impactos devastadores para os indígenas, com milhares de mortos.

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