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As línguas Yanomami em presente distópico

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"Línguas Yanomami no Brasil: diversidade e vitalidade" aponta caminhos para a preservação da riqueza linguística e cultural desse povo, ameaçado pela epidemia de Covid-19
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Em Yanomama, um dos idiomas Yanomami, televisão é utupë taamotima thë (mostrador de imagens), garfo, pore nahasi (unha de fantasma) e hospital, hanɨpratima yano (casa onde [as pessoas] são cortadas). Já a palavra para "helicóptero" é "tixo", que significa "beija-flor"



No livro Línguas Yanomami no Brasil, nascido do projeto “Diversidade linguística Yanomami: uma perspectiva intercultural”, neologismos e diversas outras manifestações lingúisticas Yanomami revelam a potência da cultura desse povo indígena. Neste momento da história, contribui para reforçar a importância de sua proteção.

Confira a reportagem no Medium: https://isa.to/3iexWpk

Assediados pelo garimpo, pelo desmatamento e agora pela Covid-19, os Yanomami dão o nome de “xawara” às epidemias. As doenças, na visão dos indígenas, escapam do fundo da terra pelos homens brancos que destroem a floresta para extrair minérios e destruir a floresta.

Em junho, a Hutukara Associação Yanomami lançou a campanha “Fora Garimpo, Fora Covid”, que pede a desintrusão da TIY e já coletou mais de 350 mil assinaturas em todo o mundo.

Organizada pelos pesquisadores Helder Perri, Ana Maria Machado e Estevão Benfica Senra, e publicada pelo Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a obra de 216 páginas e composta por mapas, fotos e textos, traça um perfil de cada língua da família Yanomami. O esforço rendeu a identificação de uma sexta, o Yãnoma.

Um dos pontos mais interessantes da obra, os neologismos, revelam a “yanomização” das palavras após o contato com o mundo dos brancos. O contato entre a língua dos napëpë (os "brancos") e as dos Yanomami inevitavelmente se refletiu na fala dos indígenas. Para “piloto de avião”: apiama xẽe e, ou literalmente “sogro do avião”. No caso, o avião estaria trabalhando a serviço de quem o pilota. Na cultura Yanomami, os genros devem trabalhar para seus sogros.

Para ilustrar essa criatividade, a artista visual Mavi Morais foi convidada pelo ISA para transformar em arte alguns dos neologismos dos Yanomami.

Mavi e os autores da publicação estarão no lançamento do livro nesta quinta-feira (06/08), às 17h30h, na sexta live #CasaFloresta, um projeto do ISA.

Marina Terra
ISA