Essa é a versão antiga do site do ISA que ficou no ar até março de 2022. As informações institucionais aqui contidas podem estar desatualizadas. Acesse https://www.socioambiental.org para a versão atual.
No final de cada semana, Anderson Castro, morador da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, no Pará, espera paciente uma mensagem de áudio com informações sobre a pandemia de Covid-19 e outros conteúdos sobre produção, segurança alimentar e proteção do território. Se demora muito, escreve “Cadê o áudio do beiradão?”, nos grupos de Whatsapp e logo recebe a resposta, “Já tá chegando!”. Em sua 17ª edição, o áudio do beiradão já se consolidou com uma importante ferramenta de comunicação que conecta a Terra do Meio com as notícias do mundo.
O rádio, principal meio de comunicação no território, se tornou ainda mais fundamental durante a pandemia de Covid-19 e ganhou eco com a chegada de pontos de internet na região. Seja pelo Whatsapp ou transmitido pelo rádio amador, o informativo atinge um território de mais de 5 milhões de hectares e leva informações para ribeirinhos e indígenas do beiradão, como é conhecida a região que fica nas beiras do rio Xingu.
A cada semana, os ouvintes recebem o áudio produzido pelas associações extrativistas da Terra do Meio em parceira com a Rede Xingu+ e o ISA. O boletim traz informações dos parceiros locais sobre ações de combate ao novo coronavírus, e os próprios ribeirinhos compartilham saberes e dinâmicas de organização para garantir a segurança alimentar, territorial e o bem viver no beiradão. Para expandir ainda mais o alcance das informações no território, o áudio pode ser ouvido no Soundcloud da Rede Xingu+.
“O áudio do beiradão ganhou uma dimensão bem maior do que esperávamos quando o idealizamos. De início o objetivo era ter um meio de comunicação que apresentasse informações qualificadas sobre o avanço da Covid-19. Hoje, olhando para o futuro, pensamos em manter o áudio como uma ferramenta de comunicação permanente, que vai contribuir nesse processo de deixar as comunidades mais informadas”, conta Naldo Lima, um dos locutores do áudio do beiradão e assessor técnico da Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Rio Iriri (Amoreri)
A canção “Eu amo a floresta” de José Virgilio de Andrade, dá o tom para as chamadas que já abriram a participação de convidados da Funai e do Incra, ICMBio, Amoreri e as médicas Érika Pellegrino e Diana Sato, docentes do curso de Medicina da Universidade Federal do Pará, que têm somado forças nesse conjunto de estratégias de prevenção à Covid-19.
Uma das pautas do áudio foi uma ação da Rede de Cantinas da Terra do Meio, que incentivou que parte da produção dos beiradeiros fosse enviada para famílias em situação de vulnerabilidade social nas cidades do entorno. A Rede enviou cerca de 9,6 toneladas de produtos como a farinha de babaçu e castanha-do-pará para a prefeitura de Vitória de Xingu (PA), distribuídos a mais de 4.500 alunos e seus familiares, além de 450 kg de farinha de babaçu doados para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e para os Reassentamentos Urbanos Coletivos (RUCs) de Altamira. [Saiba mais]
A produção do áudio do beiradão conta com o apoio da União Europeia, Rainforest Foundation Norway, Good Energies, Amazon Forest Fund (AFF) e WWF-Brasil.