Essa é a versão antiga do site do ISA que ficou no ar até março de 2022. As informações institucionais aqui contidas podem estar desatualizadas. Acesse https://www.socioambiental.org para a versão atual.
O desmatamento em territórios com povos isolados aumentou em 54% no mês de setembro, totalizando 250 hectares, de acordo com o boletim Sirad Isolados, monitoramento independente do Instituto Socioambiental (ISA). Outras ameaças como incêndios criminosos e garimpo ilegal também avançam nestes territórios e seus entornos.
O boletim destaca que a Terra Indígena (TI) Uru-Eu-Wau-Wau, a maior do Estado de Rondônia, foi a mais ameaçada em setembro. Foram identificados aproximadamente 83 hectares desmatados, um aumento de 538% em relação ao mês anterior, evidenciando que a atividade ilegal continua crescendo e não há qualquer ação de controle e de combate à atividade ilegal. Leia na íntegra.
Em 2021, os meses de julho e setembro foram os que registraram mais ataques na TI Uru Eu Wau-Wau. No meio do ano, duas grandes áreas foram invadidas e, agora, foram descobertas queimadas nesses locais. Sem vegetação a terra está pronta para a chegada da soja, da pastagem e de grileiros.
Segundo o Ministério Público Federal a TI Uru-Eu-Wau-Wau é o segundo território indígena com mais propriedades e imóveis irregulares cadastrados em sobreposição à Terra Indígena: 805 no total. Os grileiros não pagam pela terra, mas alegam que é deles pelo fato de o lote estar inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR) - que é autodeclaratório e não está ligado com a posse direta do terreno. Os detentores destes lotes têm a expectativa de conseguir regularizar e legalizar a terra por meio de um título de posse que possam requerer no futuro.Desde o início do ano já foram desmatados 322 hectares no interior dessa TI, o que equivale a 185 mil árvores derrubadas.
Outros territórios com presença de povos isolados também estão ameaçados. Na Terra Indígena (TI) Piripkura (MT), os ataques não param e novas áreas de desmatamento avançam em direção ao interior do território. Em setembro, foram identificados 41,6 hectares desmatados e chama a atenção uma nova área desmatada de 24 hectares, a 1,5 metro do limite do território. Ainda de acordo com o boletim de setembro, este desmatamento pode crescer. Desde agosto de 2020, quando o território passou a ser alvo intenso dos criminosos, 2.361 hectares foram desmatados.
A TI Piripkura, entre os municipios de Colniza e Rondolândia, em Mato Grosso, é uma região com numerosos conflitos relacionados à extração ilegal de madeira, roubo de terras públicas e mineração, além de uma forte pressão para que a Terra Indígena não seja demarcada. A nova portaria de restrição de uso publicada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em setembro, com duração de apenas seis meses, pode ser uma oportunidade para que grileiros roubem ainda mais terras, uma vez que, de tão curta, não garante o tempo necessário para ações de retirada dos invasores.
O monitoramento do ISA identificou ainda um grande ramal de desmatamento crescendo em direção à Terra Indígena Pirititi, localizada em Roraima. No total, já são 129 hectares devastados muito próximos dos limites do território. Com a proximidade do vencimento da portaria de restrição de uso dessa terra por parte da Funai, que protege o território, as ameaças se intensificaram.
Na Terra Indígena Munduruku, o avanço do garimpo continua e parece longe de cessar. Embora ações de fiscalização tenham acontecido em 2021, lideranças indígenas falam sobre a pouca efetividade das operações. Foram identificados 75 hectares desmatados em setembro, um aumento de 240% em relação ao mês anterior.
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