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Análises mais detalhadas subsidiam ações de manejo do fogo no Parque Indígena do Xingu

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Fabio Garcia Moreira

O entorno do Parque Indígena do Xingu passou por intensos processos de transformações de sua paisagem, com suas florestas sendo substituídas por extensas áreas abertas destinadas, principalmente, para pastagem de gado e para produção de soja. Assim, a reserva se tornou um dos remanescentes de vegetação nativa do estado do Mato Grosso e passou a sofrer as consequências destas transformações, principalmente no clima, com as intensificações dos períodos de secas e alterações no comportamento do fogo.

Para conhecer melhor o histórico de ocorrências de incêndios no PIX a equipe do Manejo do Fogo do ISA analisou mais de 70 imagens de satélite (landsat), entre o período de 1984 a 2013, medindo as áreas de floresta atingidas pelo fogo. Corroborando com a argumentação indígena, este estudo evidenciou que as ocorrências de incêndios florestais no PIX é um fenômeno relativamente recente. Veja o gráfico abaixo e clique para ampliar.

Alguns anos atrás, a alta concentração de umidade da própria floresta era capaz de conter o avanço do fogo mesmo nos meses mais quentes e secos. Mas essa capacidade de controle natural está diminuindo e as ocorrências de grandes incêndios florestais estão aumentando. A primeira, e inesperada, ocorrência de incêndio florestal de grandes proporções foi registrada em 1999 atingindo uma 77 mil hectares. A segunda ocorrência aconteceu em 2007 alcançando 215 mil hectares. Mas foi em 2010, que ocorreu o maior incêndio quando o fogo atingiu cerca de 290 mil hectares de floresta, representando pouco mais de 10% da área total do PIX.

Os impactos do fogo na visão dos Ikpeng

Nas aldeias Moygu e Arayo localizadas na Coordenação Ténica Local Pavuru, no Parque Indígena do Xingu, os ikpeng participam de oficina sobre os impactos causados pelo fogo na floresta. Quinze alunos em média estão estudando áreas de floresta com diferentes históricos de ocorrência do fogo para saber como a mata está reagindo. Por meio dos conhecimentos locais, de mapas com imagens de satélites e focos de incêndios de anos passados é possível saber quantas vezes e em quais anos o fogo passou.

Depois, os ikpeng vão até a região que pretendem estudar. Sempre com a ajuda de um mestre de campo, um sábio experiente da comunidade, os alunos procuram saber quais plantas estão vivas no local, quais estão resistindo aos incêndios e quais estão desaparecendo. Além das plantas, os animais também são fonte de estudos por meio das pegadas no chão, dos cantos que são ouvidos e dos rastros de fezes encontrados pelos caminhos. No ano passado, duas etapas da oficina foram realizadas e quatro áreas de floresta que sofreram com os impactos causados pelo fogo foram visitadas. Este ano, na terceira etapa, o grupo visitou uma área de floresta que nunca foi queimada. Desta maneira, vão poder fazer uma análise comparativa entre as áreas e desenhar um retrato da situação atual. Os resultados ainda estão sendo analisados e o retorno para as comunidades está previsto para o inicio do próximo ano. A ideia é expandir o estudo para as regiões do Baixo e do Alto Xingu.

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