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Neste domingo, 22 de março, em que se comemora o Dia Internacional da Água há pouco a celebrar. Especialmente quando se trata do Estado de São Paulo e da região Sudeste em geral, onde a grave crise hídrica continua e as perspectivas não são animadoras.
Na sexta-feira, 13 de março, a Aliança pela Água de SP, coletivo que reúne mais de 40 organizações, o ISA entre elas, realizou um evento em parceria com a Rede Sesc, no qual 60 pessoas entre ativistas, jornalistas, especialistas e interessados foram informados da situação em que se encontram os mananciais que abastecem a região metropolitana de São Paulo.
A coordenadora da Aliança, Marussia Whately, atualizou os dados da crise mostrando que o cenário em março de 2015 é melhor se comparado ao colapso registrado em janeiro. “Entretanto, como as represas ainda estão com pouca água e temos um período de estiagem de seis meses pela frente, o risco de acabar a água continua sendo muito alto", alerta.
Embora a seca prolongada tenha sido o estopim da crise hídrica em São Paulo, não foi o único fator que a desencadeou. É preciso acrescentar mais alguns ingredientes como a gestão baseada em fontes inesgotáveis, a degradação dos mananciais, e a falta de transparência e participação, agravada pelas eleições de 2014.
Em 13 de março de 2015, constatava-se que a quantidade de água nas represas que abastecem a região metropolitana era menor do que há um ano e muito menor do que se registrava em fevereiro de 2013. Em 2014, o governo paulista negou que houvesse crise. As medidas adotadas não foram discutidas com a sociedade e resultaram em diminuição de 29% da retirada de água em relação ao final de 2013 – de 70 metros cúbicos por segundo para cerca de 50 metros cúbicos em fevereiro de 2015.
Enquanto isso, obras de racionamento, planos de contingência, medidas para garantir a segurança hídrica e a saúde da população não estão sendo debatidas com clareza e transparência. A grave questão da degradação dos mananciais que abastecem a região metropolitana de São Paulo e a recuperação florestal necessária, também é a situação em que se encontra a degradação do Sistema Cantareira. Menos de 30% da região ainda tem vegetação, enquanto que 70% APPs não já perderam toda a vegetação. A situação mais crítica é a da represa Jacareí, onde a vegetação está em 9%.
No Cantareira, o saldo negativo é de 15%
Embora os níveis de água dos dois sistemas tenham subido em função das chuvas de fevereiro e março, a situação do Cantareira, responsável pelo abastecimento de cerca de 6 milhões de pessoas, ainda é muito grave. Para se ter uma ideia, o sistema tinha um volume útil de 982,07 bilhões de litros (100%), que se esgotou em julho de 2014. Iniciou-se então a retirada de água do Volume morto I, de 182,5 bilhões de litros, que se esgotou em novembro de 2014. Começou então a retirada do Volume Morto II, de 105 bilhões de litros. Em 13 de março de 2015, o Cantareira estava com 140,70 bilhões de litros. Esse volume equivale a 100% do Volume II + 35,7 bilhões do Volume Morto I (ou 20%). Isto quer dizer que ainda é preciso encher 146,8 bilhões do Volume Morto I para chegar ao volume útil do sistema, o que significa um saldo negativo de 15%.
A crise hídrica em São Paulo adquiriu tal proporção que foi objeto de uma denúncia levada ao Conselho de Direitos Humanos da ONU nesta sexta-feira, 20/3.
Ao longo da semana que se inicia na próxima segunda-feira, 23 de março, a Aliança pela Água de SP, vai promover diferentes eventos que serão precedidos pelo lançamento, no domingo, 22, de um manual de sobrevivência na crise. Produzido com apoio do ISA e da Associação Bem-te-vi de Biodiversidade, estará em breve disponível para download.
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