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Mini-documentário "Ka’a zar Ukyze Wà - Os Donos da Floresta em Perigo" retrata a grave ameaça que os isolados da Terra Indígena Araribóia enfrentam diante de invasões de madeireiros e caçadores
O curta-metragem "Ka’a zar Ukyze Wà - Os Donos da Floresta em Perigo" foi selecionado para o 30º Festival Internacional de Curta-Metragens de São Paulo, que acontece a partir da quinta-feira, 22/8, em várias salas de cinema da cidade.
O festival acontece há 30 anos e reúne as principais produções de curtas-metragens do Brasil e do exterior. O "Ka’a zar Ukyze Wà - Os Donos da Floresta em Perigo" será exibido em três sessões:
Dirigido por Flay Guajajara, Erisvan Guajajara e Edivan Guajajara, que compõem o coletivo Mídia Índia, o filme apresenta a dramática situação dos índios isolados Awá Guajá na Terra Indígena Araribóia (MA), um território que é alvo de constantes invasões de caçadores e madeireiros.
Os Awá Guajá dependem intrinsecamente da mata para sobreviver — da caça, da coleta, da água. Só que na Terra Indígena Araribóia a floresta está sob grave ameaça. Em seu entorno, não sobrou nada em pé. Dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o Maranhão já desmatou 46% de sua cobertura florestal. Nos seis municípios no entorno da TI, esse número é ainda maior: 52,5%. E é por isso que os madeireiros precisam entrar ilegalmente na Terra Indígena para roubar madeira, com o intuito de abastecer as serrarias da região e obter matéria prima para as estacas das fazendas desta área do estado.
Além de detalhar a situação de extrema tensão e conflito na Araribóia, o mini-documentário apresenta as imagens de um encontro inesperado. Em agosto de 2018, alguns guajajaras se encontraram com um grupo de Awá Guajá durante uma caçada na mata. A caça seria consumida durante as festas da Menina Moça, cerimônia tradicional que marca a passagem das meninas para a adolescência. Só que, no meio da expedição de caça, os Guajajara se depararam com o acampamento de seus parentes isolados.
Os Guajajara sempre respeitaram a vontade de seus parentes Awá Guajá de não serem contatados nem importunados em seu isolamento. Mas as imagens do curta-metragem servem para alertar o mundo sobre a situação de vulnerabilidade desses índios que, a qualquer momento, podem ter um encontro inesperado, não com seus parentes, mas com caçadores ou madeireiros que não querem a sua presença ali. O desfecho, no caso dessa hipótese se realizar, pode ser trágico.
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