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Sônia Guajajara: demarcando terras, demarcando telas!

#ElasQueLutam! Uma das lideranças de maior projeção nacional e internacional, Soninha não mede esforços para garantir direitos e amplificar as vozes e visões dos povos indígenas
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Pelo segundo ano consecutivo, a pandemia da Covid-19 não permitiu que os povos indígenas se reunissem em Brasília para a maior mobilização do movimento, o Acampamento Terra Livre (ATL). Mas o Abril Indígena, e o próprio ATL 2021, seguem virtualmente, ocupando redes e demarcando telas. Sônia Guajajara, coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), resume bem o momento: “Não podemos arredar o pé da luta pelos nossos direitos”.



De fato, a trajetória de Soninha, como é carinhosamente conhecida, sempre foi uma trajetória de luta. “Eu já nasci militando”, ela contou ao Brasil De Fato. “Todo tempo eu queria encontrar um jeito de como trazer essa história e essa vida dos povos indígenas para um conhecimento da sociedade”. Formou-se em Letras e Enfermagem e atuou por muitos anos nas duas áreas. Mas, em 2001, participou do seu primeiro encontro nacional indígena e percebeu que sua missão seria se dedicar à luta coletiva dos povos originários.

Sônia começou na Coordenação das Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (COAPIMA), onde ajudou a dar um fôlego cada vez maior ao movimento indígena do estado. Migrou então para a vice-coordenação da Coordenação dos Povos Indígenas da Amazônia (Coiab) e, ao fim dos quatro anos de mandato, foi eleita para a coordenação da Apib. Hoje, ela talvez seja a liderança feminina de maior projeção nacional e internacional, e não mede esforços para garantir direitos duramente conquistados e amplificar as vozes e visões dos povos indígenas.

“Nós estamos aqui para fazer diferente e mostrar a Terra como a Mãe Terra, esse bem sagrado, que precisa de cuidado, que dá o sustento e que garante a vida", afirmou ao Instituto Escolhas. “O desafio só cresce e agora é como se a gente voltasse de novo para o início, de retomar a briga pela demarcação dos territórios, que, para nós, é a bandeira de luta maior e principal dos povos indígenas”.

Em quase duas décadas de mobilização, Sônia alçou voo, assumiu posições de destaque e ajudou a fortalecer a presença feminina no movimento indígena e em outros espaços. Atualmente, como gosta de lembrar, já vê muitas outras colegas à frente de associações indígenas e até mesmo atuando na política partidária. Nas últimas eleições presidenciais, Sônia foi candidata a vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL). “Eu não tenho dúvidas de que o resultado político da minha candidatura motivou e abriu muitos caminhos para outras mulheres se candidatarem", disse ao Jornal O Globo, sobre as eleições de 2018.

“Estamos aqui demarcando nosso território, nosso espaço de fala, nossa participação enquanto mulher guerreira. A nossa voz precisa ecoar pelo mundo,” avisou, em discurso durante a 1ª Marcha das Mulheres Indígenas. Sempre ao lado de suas companheiras, as mulheres da terra, das águas e das florestas, Soninha ajudou a fundar a ANMIGA, a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas - Guerreiras da Ancestralidade, que une os saberes, tradições e lutas das indígenas de todo o país.

“A gente não vai desistir”, salientou à Agência Pública. “Não há outro jeito de a gente continuar vivo, de a gente continuar existindo, se não for por meio da luta”.

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Victoria Martins
ISA
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