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Brasil é o 4º país mais perigoso do mundo para ambientalistas, aponta relatório internacional

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Somente no ano passado, 20 defensores do meio ambiente foram assassinados no país; Veja essa e outras notícias socioambientais no Fique Sabendo desta semana

Bomba da semana



O relatório A última linha de defesa, da ONG Global Witness, aponta que 227 ambientalistas foram mortos no último ano por defenderem seus territórios, o direito à terra, o meio ambiente e os povos da floresta. O levantamento revela que o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking total de crimes, com 20 assassinatos, ficando atrás apenas da Colômbia com 65 assassinatos, do México, com 30 mortes e das Filipinas, com 29.

O relatório comprova que a América Latina foi a região mais letal do mundo para ambientalistas. Das 227 mortes, 165 foram em países latino-americanos, 72,7% do total. No Brasil, 75% dos crimes ocorreram na Amazônia. Não é a primeira vez que o país aparece com destaque: em 2019, foram 24 mortes, ocupando a terceira posição no ranking da violência.

As principais atividades ligadas aos crimes são extração ilegal de madeira, conflitos por água e construção de barragens, mineração e agronegócio que causam violentos impactos nas comunidades tradicionais. Além dos assassinatos, também aumentaram as ameaças de morte. Mas a subnotificação faz com que muitos desses casos fiquem de fora dos números oficiais.

E você com isso?

Os conflitos por terras estão entre as principais causas da violência contra lideranças em defesa do meio ambiente. Cada vez mais a grilagem, o roubo de madeira e o agronegócio avançam sobre a floresta, atingindo até mesmo Terras Indígenas e Unidades de Conservação, e quem faz as barreiras contra os crimes é, muitas vezes, a própria população que habita as zonas de proteção.

A Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau (RO), por exemplo, está no topo dos territórios com povos indígenas isolados mais ameaçados, em decorrência do desmatamento e de incêndios criminosos no entorno da TI. Não é por acaso que uma de suas principais lideranças, Ari Uru-Eu-Wau-Wau, está entre os ambientalistas assassinados no ano passado. Ele fazia parte de um grupo em Rondônia que registrava e denunciava invasões e roubo de madeira no território indígena. Mais de um ano depois do crime, ninguém foi responsabilizado ou preso.

Enquanto o avanço do agronegócio causa mais violência, o Senado discute projetos que alteram a lei de regularização fundiária no país. As Comissões de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e de Meio Ambiente (CMA) discutiram na última terça-feira (14/9) o PL 2.633/2020 e o PL 510/2021, que foram apelidados de PL da Grilagem por facilitar o roubo de terras públicas.

De autoria do deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), o PL 2.633 estimula a grilagem e o desmatamento ao ampliar a possibilidade de regularização fundiária das terras da União por autodeclaração, além de anistiar grileiros e criminosos ambientais.

De acordo com análise feita por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, além de anistiar ocupações ilegais feitas até 2014, o PL 510 também abrirá o caminho para a grilagem de outros 43 milhões de hectares de terras públicas, sendo 24 milhões de hectares, hoje, de florestas.

Não perca também

A exposição virtual “Os céus dos povos originários" expõe de forma inédita desenhos de crianças e adolescentes indígenas de cinco a 15 anos de idade.

As 30 obras disponíveis na mostra foram produzidas por crianças e jovens de 12 povos indígenas, situados em nove estados brasileiros. A reflexão proposta mescla as formas de interpretar e as relações entre os povos indígenas com céu, que é tão variada quanto a diversidade de povos indígenas no país.

“Ao olhar as imagens, percebemos que, para essas crianças, todos os elementos que permeiam o mundo estão relacionados: sem terras, não há céus. E, para que esses mundos coloridos e diversos continuem existindo, é fundamental que esses povos sejam reconhecidos e tenham seus direitos respeitados”, explica o texto curatorial da exposição.

Vale a pena conferir!

Pra não dizer que não falei das flores

Das flores que ainda existem, Maria Zenaide é uma delas. E precisamos falar sobre ela. Com 306 partos já facilitados em sua vida, Maria Zenaide mistura o conhecimento tradicional com o saber científico e o ofício de ajudar a trazer crianças ao mundo. A maioria dos partos foi realizada no interior do Acre, e suas histórias transitam entre dificuldades de deslocamento, desigualdades e muita emoção.

"Ser parteira significa ter coração bom, sem ganhar nada, trabalhar por prazer. Tenho certeza de que o parto na nossa vida é uma realização de vida", disse em reportagem da Agência Brasil

Além de parteira, Maria também é cantora. Sendo considerada uma mestra da música tradicional do Acre, possui 506 músicas escritas, já fez uma turnê na Europa e estava começando a gravar um CD com músicas sobre a natureza, até que a pandemia chegou e interrompeu a carreira em ascensão da cantora. Para Maria Zenaide, "música é vida, é saúde.” Confira sua história na reportagem publicada pela Agência Brasil.

Letras de sangue

O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu e a Campanha Nacional do Cerrado denunciaram a presença de homens armados no Território Quilombola Tanque da Rodagem e São João, em Matões, no Maranhão.

Segundo os movimentos, jagunços invadiram o território no último sábado (11/09) e destruíram trechos de vegetação nativa utilizando-se da conhecida técnica do "correntão da soja", arrancando toda a vegetação e matando toda vida animal. Quilombolas do território fecharam a rodovia estadual (MA-262), impedindo a reapropriação dos tratores e o seu avanço sobre a vegetação do cerrado.

A Central Pastoral da Terra foi notificada e alertou as instituições maranhenses, mas isso não foi suficiente para conter as ameaças. Relatos apontaram a presença de jagunços próximos ao quilombo na manhã da terça-feira (14/9). Ainda, "esses mesmos homens teriam barrado a entrada de uma equipe da Secretaria de Igualdade Racial do Estado do Maranhão, que tentou manter contato com os quilombolas e não conseguiu", segundo notícia publicada pela Associação dos Docentes da UFOP.

Baú Socioambiental

16/09 - Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio

No dia 16 de setembro, comemora-se o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio. Criada pela ONU em 1994, a data foi estabelecida para lembrar a assinatura do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio. O documento prevê medidas para controlar a produção e o consumo global de produtos químicos prejudiciais à camada.

A camada de ozônio é uma frágil camada do gás ozônio (O3), que protege o planeta dos raios ultravioleta emitidos pelo sol. Sem ele, os raios ultravioleta poderiam destruir e afligir todas as formas de vida no planeta. Na década de 1970, cientistas descobriram que ela estava enfraquecendo. Em condições naturais, ela varia de acordo com a temperatura, clima, latitude e altitude. Mas esses fatores não explicavam seu esgotamento. Foi assim, que produtos químicos com clorofluorcarbonetos foram descobertos como sendo os principais vilões da camada de ozônio.
Baseando-se na busca e aplicação de novas tecnologias, o Protocolo definiu o controle de cerca de 100 produtos químicos de diversas categorias que poderiam destruir a camada. Embora a adoção do Protocolo de Montreal tenha marcado um momento crítico, não foi uma solução única. O trabalho continua, com os cientistas ainda fornecendo os principais caminhos para a proteção da camada de ozônio.

O Protocolo de Montreal é apoiado por três painéis de avaliação científica, que informam os formuladores de políticas. Por exemplo, esses painéis alertaram sobre o aumento inesperado das emissões de triclorofluorometano destruidor da camada de ozônio (CFC-11) nos últimos anos, devido à produção ilegal.

Hoje, o maior dano à camada de ozônio se encontra acima do Pólo Sul, onde o buraco segue aumentando de tamanho. Entre agosto e outubro de 2020, ele atingiu cerca de 25 milhões de km quadrados de extensão,

Isso vale um mapa

Com o objetivo de monitorar a camada de Ozônio, a NASA criou em 1979 um observatório que produz dados e relatórios atualizados mensalmente sobre as mudanças na camada. No observatório é possível acessar o monitoramento mais recente, com mapas que indicam status atual da camada de ozônio sobre a Antártica e gráficos que apresentam a evolução no buraco da camada de ozônio.

A imagem mais atualizada da camada sobre o pólo antártico é do dia 14 deste mês. As cores roxa e azul indicam as áreas onde há menos ozônio, enquanto os amarelos e vermelhos são onde há mais ozônio, indicando a parte mais preservada



Imagens: