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O líder Yanomami Davi Kopenawa protocolou uma carta à presidente Dilma Rousseff e à governadora de Roraima, Suely Campos, onde faz um alerta sobre o risco da mineração em larga escala ser permitida nos limites da Terra Indígena Yanomami (RR/AM), umas das regiões mais conservadas da Amazônia. O xamã também denuncia o aumento do desmatamento, a revogação de leis ambientais e o avanço dos grandes projetos econômicos sobre a região amazônica e seus povos indigenas.
A carta faz referência ao acordo, formalizado pelo Decreto 6754/2009, pelo qual o governo federal transfere ao governo de Roraima o domínio de seis milhões de hectares. Apenas algumas áreas sensíveis ambientalmente seriam mantidas sob domínio federal na forma de Unidades de Conservação.
Uma dessas áreas fica no limite da Terra Indígena Yanomami e encontra-se fortemente pressionada pelo garimpo e também é alvo de projetos de mineração em larga escala. De acordo com o decreto, essa área deveria permanecer sob domínio federal, na forma de uma Estação Ecológica, tipo de Unidade de Conservação que não permite a mineração. Entretanto, um novo acordo entre a presidente e a governadora de Roraima pretende transformar esta área em uma Floresta Estadual, Unidade de Conservação mais frágil, que permite a mineração.
Na carta, o líder indígena ressalta que a área em questão protege o curso do principal rio da Terra Indígena, o Uraricoera, e faz referência ao maior desastre ambiental do Brasil, causado pela mineração, que no mês de novembro levou à morte um dos rios mais importantes do Sudeste do Brasil, o Rio Doce. Davi Yanomami considera que não faz sentido o Brasil tomar medidas como esta justamente “no momento em que o Brasil e o mundo se concentram na busca de soluções para proteger o clima, a água, as florestas e seus povos”. O líder indígena solicita à presidente que faça cumprir o decreto 6754/2009 e mantenha a Terra Indígena Yanomami livre do desmatamento e da destruição causada pelas grandes mineradoras.