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Ruas de Paris são tomadas por manifestantes ao final da COP-21

Mais de 30 mil pessoas ocuparam as ruas de Paris no último dia da COP-21, sábado (12), enquanto o texto do acordo era apresentado no espaço oficial das negociações
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Na tarde do último sábado (12), os negociadores da vigésima primeira Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática finalmente chegaram a um novo acordo global. Do lado de fora do Le Bourget, nas ruas de Paris, mais de 30 mil pessoas – segundo estimativa dos organizadores – marcharam pedindo por justiça climática.


A manifestação, chamada de “Marcha da Última Palavra”, começou com uma concentração no Arco do Triunfo e foi marcada pelo hasteamento de enormes faixas vermelhas por cima da Avenida da Grand Armée. A cor vermelha, também presente nas roupas e objetos carregados por todos os manifestantes, representava a “linha vermelha” que não pode ser ultrapassada para garantir a segurança climática do planeta: o limite de 1,5°C para o aquecimento global. Andrea Rey, uma das manifestantes, explica: “É muito importante não esquecer que a última palavra sempre foi nossa, essa é a única forma de mudar as coisas”.

No ambiente festivo da marcha, que começou às 12h, cercada por forças policiais, balões em forma de blocos de gelo pulavam entre as cabeças dos manifestantes. Também houve minutos de silêncio em homenagem às vítimas de desastres climáticos, aos ativistas detidos na manifestação de 29/11 e aos ambientalistas que sofreram prisões domiciliárias preventivas por conta do estado de emergência decretado na França desde novembro.

Ainda que todos os tipos de manifestações públicas estejam proibidos, na última sexta à noite (11), a Coalizão Climática 21 – rede de mais de 130 organizações da sociedade civil francesa – conseguiu permissão para realizar a marcha. “A rua é nossa”, afirma a manifestante Andrea; “mesmo que eles [os políticos] estejam muito orgulhosos do acordo que estão apresentando, nós sabemos que a solução não está aí”. A passeata seguiu até o Campo de Marte e chegou à Torre Eiffel, onde os manifestantes deram as mãos para formar uma corrente humana.


Alguns participantes expressaram decepção com relação ao acordo adotado por 195 países nesta COP. Para Frank Bernard, da organização Alternatiba, o Acordo de Paris não está a altura do desafio da crise climática: “Existe um consenso quase geral de que os interesses do povo não estão sendo representados pelos políticos. Eles estão presos pelos seus interesses e os dos lobbys. A solução só pode vir da cidadania”, avalia.

Já Casey Camp Horinek, do povo Ponca, Estados Unidos, não desanimou diante a possibilidade de não inclusão do termo “direitos dos povos indígenas” no texto final: “Nós viemos aqui porque as Nações Unidas fez a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas em 2007 e ainda assim estão tentando deixar isso fora do texto do acordo da COP-21, em 2015. Se nós não formos incluídos, nós sabemos quem somos, quais são os nossos direitos e qual é o nosso papel e nossa honra: proteger e defender a nossa mãe natureza”. Casey e indígenas de outros povos também participaram do ato com cantos e rituais.

Ao final da marcha, a escritora e ativista Naomi Klein discursou, afirmando que Paris estava cheia de heróis contra as mudanças climáticas. A Coalizão Climática 21 também comemorou: “Desde hoje a mobilização climática está mais forte do que nunca”.

Luna Gámez, especial para o ISA, direto de Paris
ISA
Edição: 
Tatiane Klein
Imagens: 

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