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Cerca de 400 pessoas, representando as 16 etnias do Parque Indígena do Xingu, ocuparam pacificamente ao longo do mês de setembro e outubro a sede do Dsei Xingu para reivindicar a saída imediata do então coordenador Otercindo Francisco da Silva. Desde que tomou posse em março deste ano, Otercindo, indicado ao cargo pelo deputado federal Valtenir Pereira (PMDB-MT), recebe crítica dos indígenas por conta da má gestão de recursos e falta de diálogo com a qual coordenava o Dsei. Yefucá Kawaiwete, funcionário da Casa de Saúde Indígena (Casai) de Canarana denuncia sistematicamente a falta de remédios e equipamentos médicos nas aldeias e na cidade, ainda que tenha recurso disponível. “Por isso fomos obrigados a nos mobilizar. A gestão estava fracassada, faltava atenção para as necessidades dos indígenas. Fechamos o Dsei para que as autoridades prestassem atenção na nossa reivindicação”, conta Yefucá.
Os protestos na sede do Dsei começaram no dia 5 de setembro. Os indígenas se revezaram ao longo das últimas semanas na ocupação, que variava entre 200 e 400 pessoas. Os cerca de 30 funcionários da sede permaneciam na unidade, sem permissão para trabalhar durante o dia, e ao final da tarde podiam retornar para suas residências.
Mesmo com a exoneração de Otercindo no dia 16 de setembro e a indicação do nome de Alessandra Santos Abreu, então secretária municipal de saúde de Canarana, para a coordenação do Dsei Xingu, os indígenas afirmaram que só sairiam com a publicação da nomeação no Diário Oficial da União, que aconteceu hoje (7/10).
Os indígenas vão comemorar a posse de Alessandra na sede do Dsei e esperam que a nova gestão seja feita em conjunto com as comunidades do Xingu. “Vamos entregar a chave do prédio para a Alessandra. Ela vai tomar posse com a presença de todos e, a partir da semana que vem, vamos construir uma nova gestão transparente e com a participação dos indígenas”, comemora Yefucá.
O Dsei Xingu atende as 90 aldeias no Parque Indígena do Xingu, território onde vivem mais de seis mil indígenas de 16 povos. “É assim que se faz a democracia, demos uma aula pros políticos. Conquistamos o que é nosso direito por meio da nossa união", ensina Yefucá. "Essa é uma conquista de todos os povos do Xingu!”.
Assista ao vídeo da ocupação feito pelo videomaker indígena Kamikiá Kisêdjê