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Novos sabores da floresta são apresentados em SP

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ISA e parceiros realizam evento do projeto Territórios da Diversidade Socioambiental, que tem a missão de fortalecer uma nova economia florestal com povos indígenas, quilombolas e extrativistas
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Quem visitou o Mercado de Pinheiros neste sábado (05/08), em São Paulo, descobriu um pouco do que é que a floresta tem e fez um passeio sensorial por novos produtos e sabores dos Territórios da Diversidade Socioambiental.

O evento "O que é que a floresta tem", realizado pelo ISA (Instituto Socioambiental) em parceria com o Instituto ATÁ, apresentou mesas de degustação com produtos de comunidades indígenas do Território Indígena do Xingu (MT), dos extrativistas da Terra do Meio (PA), de quilombolas do Vale do Ribeira (SP) e de povos indígenas de Roraima e da bacia do Rio Negro, no noroeste amazônico.


O público experimentou o mingau de babaçu com cacau, feito com a farinha de mesocarpo de babaçu dos extrativistas da Terra do Meio, assistiu a uma apresentação de fandango dos quilombolas do Morro Seco, de Iguape (SP), provou um caldo de cogumelos Sanöma com Pimenta Baniwa e pode conhecer a origem e histórias dos produtos do Xingu através do Selo Origens Brasil.

Conheceu, também, produtos que já estão no mercado, como o Mel dos Índios do Xingu, o Óleo de Pequi Kisêdjê, o óleo e a castanha do Pará “Vem do Xingu”, a Pimenta Baniwa, a Pimenta Katamuto, a Banana Chips – Tradição Quilombola, e outras novidades ainda em desenvolvimento: o tucupi preto, a castanha uará, a banana pacovã desidratada, as barras de frutos da floresta e a semente aromática do puxuri.

O ISA trabalha há mais de uma década no apoio à estruturação das cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade. O objetivo é fortalecer a gestão dos Territórios da Diversidade Socioambiental através da estruturação de relações sólidas com o mercado e de melhorias na qualidade e gestão dos diferentes arranjos produtivos organizados por povos indígenas e comunidades tradicionais.


A “economia do cuidado”

Ricardo Abramovay, professor titular do Departamento de Economia da FEA e do Instituto de Relações Internacionais da USP, acredita que esta aproximação de produtos da floresta com o mercado é uma nova “economia do cuidado”, um “esforço de inserir ética no interior da economia”.

“Ao estimular os produtos da floresta, e ao colocar os produtos em contato com o mercado, o que está sendo valorizado não é apenas o trabalho das pessoas, mas a floresta como patrimônio da humanidade”, disse ele, que prefaciou o livro Xingu: histórias dos produtos da floresta, do ISA, também lançado durante o evento.

“O mercado tem sido tradicionalmente um vetor de destruição da vida das populações tradicionais. O ISA está exatamente enfrentando esse desafio em vez de se esconder. Vamos fazer emergir mercados que funcionem a favor das pessoas, da sociobiodiversidade, da integração entre sociedade e natureza”, afirmou.

Alex Atala, chef de cozinha e fundador do Instituto ATÁ, reforçou outro ponto crucial. “Não dá para falar da conservação do meio ambiente sem falar de alimento. Proteger a natureza não é só proteger o rio e a floresta, mas o homem que vive dela. A rede do alimento é talvez uma das maiores alavancas para isso.”

O contexto político atual, porém, é uma grande ameaça para as comunidades tradicionais, protagonistas desta nova economia que concilia preservação com produção. Beto Ricardo, fundador do ISA e do Instituto ATÁ, fez um alerta ao público presente.

“Existe uma avalanche de retrocessos na agenda socioambiental, tentando suprimir os direitos dos quilombolas, interromper as demarcações de terras indígenas, reduzir as unidades de conservação", afirmou Ricardo. “Estamos em um momento muito difícil do Brasil, que virou um balcão de negócios de uma classe política corrupta, que leiloa interesses e direitos em uma jogatina para se manter no poder. Precisamos estar vigilantes”, reforçou.

O evento contou com o apoio da União Europeia.

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