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Covid-19: o cerco se fecha sobre o Xingu

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Dois indígenas morreram ontem (26) na Terra Indígena Kayapó, que contabiliza 22 casos. Municípios no entorno das Terras Indígenas e Unidades de Conservação da bacia do Xingu já têm mais de 2 mil casos confirmados e 62 óbitos
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Matéria atualizada no dia 27/05 às 20h30

Dois indígenas Kayapó morreram na última terça feira (26) vítimas de Covid-19 na Terra Indígena Kayapó, no Pará. Bàytum e Tubãrã Kayapó são os primeiros casos de óbitos notificado entre povos indígenas no Corredor Xingu de Diversidade Socioambiental, conjunto de 21 Terras Indígenas e nove Unidades de Conservação da bacia do Xingu. Na tarde do dia 27, mais um indígena Kayapó faleceu.

62 mortes e 2.133 casos de Covid-19 já foram confirmados nos 53 municípios vizinhos às Áreas Protegidas do Xingu, entre os estados do Pará e Mato Grosso. Destes, 33 casos são na TI Kayapó, que segundo o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Kayapó, ainda contabiliza 16 casos suspeitos e 57 notificações em análise.

Em Canarana e Querência, cidades vizinhas ao Território Indígena do Xingu, são oito e 20 casos respectivamente. Já em Guarantâ do Norte, cidade referência para a TI Panará, são sete casos e uma morte. Em apenas uma semana, entre os dias 19 e 26 de maio, os casos em Ourilândia do Norte, município próximo à TI Kayapó, subiram de 83 para 178.



Para Adriano Jerozolimski, coordenador executivo da Associação Floresta Protegida, o maior desafio é garantir que as aldeias respeitem e entendam o isolamento como medida fundamental para evitar a entrada da doença nas comunidades. “Remediar os impactos da Covid-19 quando a doença já entrou na aldeia será um desafio de outra magnitude, por diversas questões, mas especialmente pela enorme dificuldade de implementar um isolamento social efetivo dentro das comunidades. Como evitar a circulação de crianças? Como evitar as cerimônias tradicionais de velório e sepultamento?”, pondera.

Na tarde de ontem a Secretaria Estadual de Saúde do Pará confirmou 2.475 óbitos e 28,6 mil casos do novo coronavírus no estado. No Mato Grosso já são 42 mortes e 1.594 casos, segundo informativo da Secretaria Estadual de Saúde divulgado no dia 25.

Altamira, município referência para onze Terras Indígenas e sete Unidades de Conservação, já contabiliza três mortes, 309 casos, e o único hospital que atende casos de média e alta complexidade está quase lotado. Além da confirmação do diagnóstico de uma mulher Arara, em Belém, o Dsei Altamira relatou dois casos suspeitos de indígenas Juruna e Xipaya, o primeiro internado no hospital e o segundo em isolamento na Casa do Índio (Casai).

Para evitar a contaminação na cidade, os ribeirinhos que vivem nas Reservas Extrativistas da Terra do Meio voltaram para suas comunidades no início de março e uma série de ações têm sido feitas para evitar o translado até Altamira. “Nos preocupamos em ajudar todos que estavam na cidade para voltar para as suas comunidades nas Resex. É muito importante levarmos as pessoas para lá, desse jeito ficamos protegidos deste vírus maldito que está repercutindo no país inteiro”, reitera Francisco de Assis Porto de Oliveira, o Seu Assis, presidente da Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Rio Iriri (Amoreri).

Xavante em luto

No último dia 11 um bebê de oito meses do povo Xavante morreu vítima de Covid-19 em um hospital em Água Boa, no nordeste do Mato Grosso. A Terra Indígena Marãiwatsédé, onde a criança vivia, localiza-se entre as bacias do Xingu e do médio Araguaia. Segundo a Sesai, foi o primeiro óbito entre indígenas no estado.

O levantamento dos casos foi feito com base nos boletins epidemiológicos divulgados diariamente pelas prefeituras dos 53 municípios vizinhos às Áreas Protegidas da bacia do Xingu.
Isabel Harari
ISA
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