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Desmatamento dispara em Ituna-Itatá, terra indígena com presença de isolados no Pará

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Monitoramento da Rede Xingu+ aponta um aumento de 1.857% nos meses de setembro e outubro em comparação com 2020
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Com a expiração da portaria de proteção do uso da Terra Indígena (TI) Ituna-Itatá prevista para janeiro de 2022, o desmatamento dispara na região e mostra o cerco de destruição se fortalecendo.

Foram mais de mil hectares desmatados em setembro e outubro, de acordo com o Sirad X, sistema de monitoramento da Rede Xingu+. Os povos isolados dependem integralmente da floresta para sobreviver e tal nível de destruição pode colocar suas vidas em risco. [Assine a petição “Isolados ou dizimados”]

“Ituna/Itatá é uma área crítica pois apresenta tendência de retorno a altos níveis de desmatamento, como foi registrado há poucos anos pelo nosso sistema de monitoramento. A grilagem é uma das principais causas, e é patrocinada por lideranças políticas, inclusive”, apontou Ricardo Abad, analista de geoprocessamento do Observatório de Olho no Xingu, da Rede Xingu+. [“PA: gado e grileiros cercam índios isolados em terra mais desmatada do país”]

Acesse o boletim Sirad X 27 na íntegra.

A TI Apyterewa foi a mais devastada no bimestre ao concentrar mais da metade do desmatamento das Terras Indígenas do Xingu (52%). Com 2,4 mil hectares, essa é a maior taxa de desmatamento na TI em dez anos.

O território do povo Parakanã é alvo de mineração ilegal, roubo de madeira e de terras. A Vila Renascer, povoado que surgiu no interior da TI em 2016, é ponto de logística para invasão e grilagem de terras indígenas. Recentemente, foi descoberto que os invasores possuem ligações clandestinas de energia e que até hoje a Equatorial Energia não desligou os gatos.

A Equatorial também admitiu que fornece energia na TI Ituna/Itatá e que instalou um medidor de energia para poder cobrar a conta dos invasores. [“Gigante do setor elétrico instalou postes de luz para invasores em terra indígena com isolados”]

Os dados mostram que setembro foi o segundo mês mais desmatado desde janeiro de 2018, data de início do monitoramento Sirad X. Foram quase 28 mil hectares desmatados no período. Com a chegada das chuvas, a taxa caiu para 17,3 mil hectares em outubro. No total, o bimestre registrou 45,2 mil hectares desmatados, o que equivale a cinco árvores derrubadas por minuto.

Entre janeiro e outubro de 2021, o desmatamento no Xingu teve um aumento 24% maior do que no ano passado. No entanto, os números chocam ainda mais quando se concentram nas áreas protegidas. Invasões, grilagem, mineração ilegal, roubo de madeira e conflitos por terra causaram o salto de 41% no desmatamento das TIs e 38% nas Unidades de Conservação (UCs) no período.

Quase todo o desmatamento na bacia do Xingu está no estado do Pará, principalmente nas áreas dos municípios de São Félix do Xingu e Altamira. Ambos são responsáveis por mais da metade da derrubada de toda a bacia. Com quatro meses para 2021 acabar, São Félix do Xingu já ultrapassa a taxa de desmatamento de todo 2020, com 46,5 mil hectares desmatados -- sendo 71% em áreas protegidas. Os altos índices se dão, principalmente, por conta da Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, região mais desmatada do Brasil, com 8,8 mil hectares destruídos entre setembro e outubro.

Sandra Silva
ISA
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