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Do Xingu para o mundo, pela Amazônia

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Reunidos na Terra Indígena Menkragnoti (PA), indígenas e ribeirinhos lançam manifesto em defesa da floresta e de seus modos de vida
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Indígenas e ribeirinhas se reuniram na Terra Indígena (TI) Menkragnoti (PA), no coração da bacia do Xingu, e firmaram uma aliança em defesa da Amazônia e seus modos de vida. Dezenas de lideranças de 14 povos indígenas e populações tradicionais participaram do 4º encontro da Rede Xingu +, articulação que luta pela proteção do Xingu. [Leia o manifesto]

As áreas protegidas da bacia do Xingu estão na fronteira do desmatamento. Só neste ano mais de 92 mil hectares de floresta foram derrubados na região, aumentando a pressão sobre o território. As queimadas criminosas, grilagem, mineração, roubo de madeira, avanço da agropecuária e obras de infraestrutura ameaçam a integridade da floresta e seus povos.

“Nunca vamos deixar de ser os povos do Xingu, nunca vamos abandonar as nossas terras, queremos deixá-las para nossos filhos e netos. O Xingu é um só”, afirmam no manifesto.

Assista ao vídeo:

MANIFESTO XINGU +

Nós, povos indígenas de 15 Terras Indígenas das etnias Mebengokre, Kalapalo, Ikpeng, Yudja, Panara, Khisêtjê, Tapayuna, Parakanã, Arawete, Xikrin do Bacajá, Xipaya, Kuruaya, Arara da Cachoeira Seca e Yudja da Volta Grande, e ribeirinhos das Reservas Extrativistas Riozinho do Anfrísio, Iriri e Xingu, e do Conselho Ribeirinho, todos moradores do Corredor de Diversidade Socioambiental do Xingu, estivemos reunidos no 4º Encontro da Rede Xingu + entre os dias 21 e 23 de agosto de 2019 na Aldeia Kubenkokre, TI Menkragnoti, sul do Pará, para discutir as ameaças sobre os nossos territórios e as alternativas que estamos construindo para o nosso futuro.

Estamos extremamente preocupados com o que está acontecendo atualmente no Brasil. O Governo diz que nós, os povos da floresta, queremos viver como todos os brasileiros e que não precisamos mais de nossas terras. Mas isso é mentira! O Governo quer abrir os nossos territórios para a exploração econômica dos fazendeiros, garimpeiros, mineradoras, madeireiras, hidrelétricas, rodovias e ferrovias. Nós queremos viver com saúde, com as nossas culturas vivas, caçando, pescando, cultivando nossos alimentos e protegendo a floresta que herdamos dos nossos antepassados.

Exigimos que se cancelem todos os projetos de lei ou de reforma da Constituição que pretendem liberar a mineração (PL 1.016/96) ou o arrendamento (PEC 187/343). Exigimos que sejam retomadas e fortalecidas as ações de fiscalização ambiental freando o avanço do desmatamento, os incêndios criminosos e a invasão dos nossos territórios como está acontecendo neste exato momento com apoio e incentivo do atual governo. Exigimos a desintrusão imediata de nossos territórios invadidos. Exigimos que parem de jogar toneladas de agrotóxicos em nossos rios e florestas, envenenando nossos alimentos e nossas famílias. Exigimos que o Governo pare de insultar as nossas lideranças e respeite sua legitimidade política.

Queremos que a Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas (PNGATI) seja implementada, respeitando nossos Planos de Gestão. Queremos também a implementação das Unidades de Conservação e respeito às suas comunidades tradicionais.
Queremos políticas públicas de saúde e educação escolar verdadeiramente diferenciadas e de qualidade dentro de nossos territórios. Queremos políticas públicas que incentivem e fortaleçam nossos produtos da floresta. Estamos produzindo mel, óleos, farinhas, castanhas, pimentas, borracha, sementes, artesanatos, água e ar puro.

Somos responsáveis pela proteção da floresta do Xingu, que beneficia toda a região e os moradores das grandes cidades, contribuindo para o equilíbrio climático essencial para o país e para o mundo. Queremos o reconhecimento e respeito aos nossos modos de vida e também participar das decisões sobre o futuro do Brasil. Exigimos ser ouvidos, especialmente sobre aquilo que nos afeta, conforme garante a Convenção 169 da OIT, que é lei no Brasil.
Nunca vamos deixar de ser os povos do Xingu, nunca vamos abandonar as nossas terras, queremos deixá-las para nossos filhos e netos. O Xingu é um só.

Aldeia Kubenkokre, Pará, 23 de agosto de 2019

Instituto Kabu
Instituto Raoni
Associação Floresta Protegida
Associação Cultural Indígena Kapot Jarina
Associação Terra Indígena Xingu
Associação Iakiô – Panara
Associação Indígena Kīsêthjê
Associação Yarikayu – Yudja
Associação Indígena Moygu Comunidade Ikpeng
Associação Indígena Tapayuna
Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio
Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Rio Iriri
Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Rio Xingu
Conselho Ribeirinho Xingu
Associação Pyjahyry Xipaya
Associação Bebo Xikrin do Bacajá
Associação Indígena Kuruaya Yrinapanha
Conselho Arawete
Associação Tato’a Conselho Parakanã
Associação Kowid – Arara da Cachoeira Seca
Associação Yudja Mïratu da Volta Grande do Xingu
Associação Indígena Korina – Juruna
Associação Indígena Kumarewa – Juruna
Associação Ajuvik – Juruna
Associação Indígena da Aldeia Curuá – Kuruaya
Associação Indígena Tapawia
Associação Kowid
Associação Kuywui

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