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Entre 2000 e 2017, a Pan-Amazônia - a Amazônia inteira, não apenas a parte brasileira - perdeu 29,5 milhões de hectares de floresta, o equivalente a área territorial do Equador. Por outro lado, neste mesmo período houve um acréscimo de 41% da área de agropecuária - ainda que a região mantenha 85% da sua vegetação nativa. É o que mostra o mapeamento inédito do MapBiomas Amazônia, lançado nesta quinta-feira (21/3) em Lima, Peru.
Pela primeira vez, toda a bacia amazônica, em seus oito países, tem uma ferramenta de monitoramento da cobertura e uso do solo. A plataforma permite o acompanhamento e análise das transformações em um território de 8.449.321 km² entre os anos 2000 e 2017, como desmatamento, degradação da floresta e expansão de atividades econômicas, algo inédito. Toda a base estará disponível para download.
O MapBiomas Amazônia é fruto de uma parceria entre a Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg) e o MapBiomas, plataforma de monitoramento de uso do solo. A versão brasileira já havia sido lançada pelo MapBiomas em 2015. Em 2018, foi lançada a terceira coleção de mapas.
O mapeamento inédito incorpora toda a bacia e floresta amazônica, desde os Andes, passando pela planície amazônica e chegando até as transições com o Cerrado e Pantanal.
“A plataforma é um avanço importante em relação ao objetivo de construir e fomentar uma visão integral da Amazônia, considerando os aspectos políticos de uma região compartilhada por oito países, com questões socioambientais de grande significado. São 400 povos indígenas, bacias hidrográficas compartilhadas, conectividade entre unidades de conservação e processos de alteração do uso do solo - desmatamento, entre outras pressões e ameaças - que pesam sobre a maior floresta tropical do planeta”, afirma Beto Ricardo, coordenador da Raisg.
Segundo Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, com esse lançamento, a coleção lançada em 2018 e a coleção MapBiomas Chaco, a plataforma alcançará a cobertura de 90% do território da América do Sul. “Essa base de dados tem um valor inestimável para a compreensão do uso dos recursos naturais da região, além de contribuir para modelos climáticos e o cálculo das emissões de gases do efeito estufa relacionados ao uso do solo na região”, afirma Azevedo.
O processamento de dados foi feito utilizando algoritmos de classificação automática do Google Earth Engine. Foram analisados 14.882 mosaicos de imagens para os 18 anos.
O MapBiomas Amazônia é uma plataforma pública e interativa, e permite que o usuário obtenha seus próprios resultados e gráficos, além de visualizar os mapas com filtros por região, país e área protegida.
A Raisg trouxe o aporte das oito organizações, de seis países diferentes. Cada uma contribuiu com seu conhecimento para uma boa interpretação das imagens de satélite.
O MapBiomas Amazônia contempla 21 classes de cobertura e uso do solo, em seis biomas diferentes: Amazônia, Cerrado, Pantanal, Andes, Chaco-Chiquitano e Tucumano boliviano. Essa extensão abrange dos glaciares andinos até as formações florestais das planícies amazônicas.
A Raisg é uma iniciativa regional amazônica que gera informação georreferenciada e possibilita uma visão integral da Amazônia e das ameaças que pairam sobre ela. Promove o intercâmbio e a articulação dessas informações elaboradas por oito instituições da sociedade civil de seis países amazônicos, a saber: FAN, Bolívia; Gaia, Colômbia; IBC, Peru; Ecociência, Equador; Provita e Wataniba, Venezuela; Imazon e ISA, Brasil. Visite o site: www.amazoniasocioambiental.org
MapBiomas é uma iniciativa que reúne ONGs, empresas de tecnologia e universidades para contribuir com a compreensão das transformações do território brasileiro a partir do mapeamento anual da cobertura e uso do solo no Brasil. Em agosto de 2018, foi publicada a Coleção 3 do MapBiomas, com dados de 1985 a 2017. http://mapbiomas.org/