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Indígenas são reprimidos em protesto contra a PEC 215 na Câmara e seis são presos pela polícia

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Até a noite de ontem, cinco índios permaneciam presos. Manifestantes afirmam que foram agredidos por policiais
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Indígenas foram reprimidos, no final da manhã de ontem, numa das entradas da Câmara dos Deputados quando manifestavam-se contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215, que está para ser votada na comissão especial que a analisa. Houve confusão e a polícia usou spray de pimenta. Manifestantes relataram que foram agredidos.

A PEC pretende transferir do governo federal para o Congresso a prerrogativa de oficializar Terras Indígenas, Unidades de Conservação e territórios quilombolas. Se aprovada, significará a paralisação definitiva da formalização dessas áreas. O projeto pode ser votado nesta quarta (17/12) na comissão especial que o analisa na Câmara. O colegiado é dominado pela bancada ruralista, que tem usado manobras regimentais para tentar avançar na tramitação da PEC (saiba mais).

No início da tarde de ontem, em frente ao Ministério da Justiça, a polícia prendeu quatro indígenas que estavam num grupo que pretendia ser ouvido pelo ministro José Eduardo Cardozo.

“Ficamos o tempo todo na porta da Câmara. Quando saímos de lá fomos surpreendidos com carros da PM. Já foram puxando os indígenas e jogando as lideranças no carro. Chutaram nosso cocar e nos xingaram. Disseram que iríamos pagar pelo suposto ferimento de alguns policiais. É triste presenciarmos isso sem sabermos o real motivo. É um grande esquema para sujar nossa imagem”, afirma a liderança Nilton Pataxó, presente no momento da prisão dos quatro indígenas, no Ministério da Justiça.

Quando tentou registrar a ação da Polícia Militar, o assessor de comunicação do Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Rafael Nakamura, teve seu aparelho celular apreendido. Os policiais apontaram armas enquanto dirigiam ofensas aos indígenas.

No início da noite, mais dois índios foram presos quando os dois ônibus que levavam os manifestantes do Congresso até o centro de formação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em Luziânia (GO), foram seguidos e parados na estrada. Todos os passageiros dos ônibus que os levavam foram obrigados a descer dos veículos e revistados pelos policiais. Cerca de 50 policiais fortemente armados, além de uma dezena de viaturas, participaram da operação.

Até o meio da noite, seguiam detidos Cleriston Tupinambá, Tucuri Santos Pataxó Alessandro Terena, Claudenir Terena e Idalino Kaingand. David Martim Guarani foi liberado por volta das 22h. Segundo os policiais que conduziram a operação, os presos estão sendo acusados de “tentativa de homicídio”.

Chamou a atenção, ontem, durante todo o dia, o forte e numeroso aparato policial mobilizado para impedir a entrada de manifestantes no Congresso. Logo no início da manhã, o acesso a todas as entradas do prédio foi barrado para qualquer pessoa que não os funcionários, sob ordem da presidência da Câmara. Um grande efetivo de policiais e seguranças foi mobilizado. Até mesmo parlamentares foram impedidos de entrar com convidados (veja abaixo galeria de fotos).

Oswaldo Braga de Souza, com informações do Cimi e CTI
ISA
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