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Após passar por Brasília, São Paulo e Belém, a exposição Povos Indígenas no Brasil 1980/2013 – Retrospectiva em Imagens da Luta dos Povos Indígenas no Brasil por seus Direitos Coletivos, chega a, Manaus, capital do Amazonas. A abertura acontecerá às 19h30, na próxima terça-feira (15/7), no calçadão da Ponta Negra, ao lado das rampas de skate, Av. Coronel Teixeira, s/n e contará com a participação da Embaixadora da Noruega Aud Marit Wiig, representantes do Instituto Socioambiental (ISA) e da prefeitura da cidade. Em seguida haverá a apresentação de um vídeo curto sobre os 30 anos do apoio norueguês aos povos indígenas no Brasil, um coquetel e uma apresentação cultural indígena. A entrada é franca e a mostra fica em cartaz até 17 de agosto.
A mostra comemora os 30 anos do Apoio Norueguês aos Povos Indígenas no Brasil, os 25 anos da Constituição e os 20 anos do ISA e é uma realização da Embaixada da Noruega no Brasil e do ISA, com o apoio da Prefeitura de Manaus. A estreia foi em novembro do ano passado em Brasília, no Museu da República, e contou com a presença de lideranças indígenas históricas como Marcos Terena, Ailton Krenak, o cacique kayapó Raoni Metuktire, Almir Suruí Paiter e Davi Yanomami Veja o vídeo.
Em São Paulo, foi instalada na Arena de Eventos do Parque do Ibirapuera, ao lado do Museu Afro Brasil, e contou com a participação da ministra conselheira Sissel Hodne Steen, da Embaixada da Noruega no Brasil, de Beto Ricardo, do Instituto Socioambiental (ISA) e curador da exposição e de autoridades municipais. Um grupo de índios Kuikuro, do Parque Indígena do Xingu, fez uma apresentação musical. Já na cidade de Belém, a mostra foi recebida no Espaço Ver-o-Rio, entre os dias 21 de maio e 22 de junho.
A mostra é composta por 43 fotos, apresentadas em ordem cronológica, clicadas por 33 fotógrafos, com mapas e textos de apoio, em português e inglês. São 18 totens de 2,39 x 2 m, com imagens de ambos os lados, e a iluminação noturna das peças será feita por coletores solares, no topo dos totens.
Momentos e personagens históricos
A maior parte das imagens foi publicada originalmente na imprensa ou nos volumes da série Povos Indígenas no Brasil, elaborada, inicialmente, pelo Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi) e, a partir de 1994, pelo ISA, com apoio do governo norueguês.
A exposição traz momentos e personagens históricos, retratados em um período de 33 anos no qual os povos indígenas saíram da invisibilidade para entrar de vez no imaginário e na agenda do Brasil contemporâneo. O marco desse processo foi o capítulo dos direitos indígenas da Constituição. Entre outros temas, as imagens retratam a participação indígena na Constituinte (1986-1988); a batalha pelo reconhecimento das Terras Indígenas; a resistência às invasões de garimpeiros e madeireiros; o apoio de músicos como Sting e Milton Nascimento; a apropriação das tecnologias do homem branco; as ameaças aos últimos povos “isolados”; as mobilizações recentes pela garantia de seus direitos.“Pretende-se que essas imagens sirvam de referência para as narrativas dos seus protagonistas, assim como para o aprendizado das novas gerações”, explica Beto Ricardo.
Em 1983, a Noruega criou uma linha específica de cooperação internacional para apoio aos povos indígenas e o Brasil foi o primeiro país a receber seus recursos. A Embaixada da Noruega apoia atualmente 12 associações indígenas e organizações indigenistas. A base da iniciativa é a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), um dos principais mecanismos internacionais de proteção aos direitos indígenas. A Noruega foi o primeiro país a ratificá-la, em 1990. O Brasil fez o mesmo em 2002.
“A Noruega vem firmando parcerias de longa duração com várias associações indígenas e organizações não governamentais indigenistas no Brasil por meio de seu Apoio aos Povos Indígenas. O foco tem sido o apoio institucional”, informa a ministra conselheira Sissel Hodne Steen.
“Extintos”
A exposição trata de um período histórico recente (1980-2013) marcado pelo protagonismo político dos povos indígenas, depois de terem sido considerados extintos. Essa visão está presente no curioso relato do antropólogo Claude Lévi-Strauss, registrado em seu livro “Tristes Trópicos”, que serve de epígrafe à exposição. Em 1934, pouco antes de viajar ao Brasil, ele questionou o embaixador brasileiro na França sobre como encontrar comunidades indígenas. “Índios? Infelizmente, prezado cavalheiro, lá se vão anos que eles desapareceram”, respondeu o diplomata.
O antropólogo Darcy Ribeiro registrou o decréscimo geral da população indígena e o desaparecimento de mais de 80 etnias, entre 1900 e 1950. Algumas fontes estimam que, em 1500, havia entre dois milhões e seis milhões de índios no que seria mais tarde o território brasileiro. A trajetória de resistência retratada na exposição, no entanto, coincidiu com a recuperação do crescimento demográfico dessas comunidades, registrada a partir dos anos 1980.
Hoje, existem no Brasil 240 povos indígenas, que falam 154 línguas e somam uma população de mais de 896 mil pessoas (IBGE 2010). O número de índios continua crescendo, assim como o de etnias, embora alguns povos estejam ameaçados de extinção. Metade das etnias tem uma população de até mil pessoas; 49 têm parte de sua população habitando países vizinhos; há 60 registros de povos “isolados”.
Contatos
Emanuela Paranhos – Escritório de Arte Quatrocantos (produção executiva)
manu@quatrocantos.art.br / (61) 9811-6070
Kristian Bengtson - oficial do programa de apoio aos povos indígenas, Embaixada da Noruega
kbe@mfa.no / (61) 9267-6604