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Morre no Rio o antropólogo Rubem Thomaz de Almeida

Considerado um dos maiores especialistas em Guarani Kaiowá e Nãndeva, Rubinho foi o primeiro a alertar para a situação precária desses índios no Mato Grosso do Sul, ainda na década de 1970, confinados e vítimas da violência dos fazendeiros
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Um dos maiores especialistas em Guarani Kaiowá e Nãndeva, Rubem Thomaz de Almeida, Rubinho como era conhecido, morreu na última quinta-feira (26/7) no Rio de Janeiro de complicações pós-operatórias. Paulista, graduado em Ciências Sociais pela USP e mestre em Antropologia Social pelo Museu Nacional - UFRJ, ele foi o primeiro pesquisador e antropólogo a chamar a atenção para a difícil situação fundiária dos Guarani no Mato Grosso do Sul, confinados e sujeitos à truculência e violência de fazendeiros que ocuparam seus territórios tradicionais ainda na década de 1970. Foram mais de 45 anos de dedicação e trabalho. Rubinho ia completar 68 anos nesta segunda-feira, 30 de julho.

Os antropólogos George Grunberg e Paz Grunberg, ambos especialistas em Guarani, lamentaram a morte em mensagem ao ISA. “Sua presença, seu compromisso com a causa dos índios e suas experiências acumuladas durante tantos anos nos deixam todos que o conheciam com uma sensação de vazio e grande tristeza por sua partida tão prematura”.

Rubinho trabalhou no Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi), uma das organizações que deram origem ao ISA e foi um colaborador inestimável. Editava semanalmente o informativo Aconteceu, que acabou originado a série de livros Povos Indígenas no Brasil e é o autor dos verbetes sobre os Guarani Kaiowá e Guarani Nãndeva da Enciclopédia dos Povos Indígenas, site produzido pelo ISA. Foi também autor de muitos artigos publicados em várias edições do livro Povos Indígenas no Brasil. Sempre sobre os Guarani.

O antropólogo Antonio Carlos de Souza Lima, ex-presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) lembrou, em texto publicado no facebook da instituição que com outros companheiros e parceiros Rubinho criou o Projeto Kaywoa-Ñandeva (PKN), no Mato Grosso do Sul, onde trabalhou de 1976 até 1986 e sobre o qual escreveu sua dissertação de mestrado em Antropologia Social. Lembrou ainda que ele falava fluentemente Guarani, coisa rara entre os antropólogos. “Tudo isso é dizer muito pouco do Rubinho, um amigo solidário aos seus amigos e companheiros de geração, generoso, alto astral, sempre lutando por dias melhores, de alguém que como parceiro foi essencial às lutas e modos de agir contemporâneos do povo com que viveu, entre quem tinha alguns de seus melhores amigos, e a quem ele imediatamente avisou de sua condição de saúde, quando dela soube no dia 16/07/2018. Enfrentou a perspectiva da morte como viveu: de modo íntegro, honesto, verdadeiro”.

A luta em defesa dos direitos indígenas e mais especialmente dos direitos dos índios Guarani Kaiowá e Nãndeva, perdeu ontem um de seus defensores mais aguerridos.

ISA
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