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A segunda edição do Dia de Campo, encontro promovido pelo ISA, Grupo Cunha, Embrapa Agrossilvipastoril, Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente de Canarana e Pioneer Sementes, aconteceu neste sábado (18/5) em Canarana (MT). Trata-se de um projeto desenvolvido desde 2011 pela equipe da Embrapa em parceria com o ISA, de plantio de diferentes espécies em 14 hectares da área de Reserva Legal da Fazenda Angaiá, do Grupo Cunha. O monitoramento é realizado periodicamente. “No próximo ano algumas sementes e frutos das árvores de caju, por exemplo, já vão poder trazer retorno financeiro e no final de 2016 os eucaliptos devem ser manejados”, explica o pesquisador da Embrapa Ingo Isernhagem, coordenador do projeto. A primeira edição do Dia de Campo aconteceu em junho do ano passado. (Saiba mais http://site-antigo.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=3575)
Por meio do projeto será possível avaliar os aspectos econômicos e ecológicos da área restaurada durante 12 anos. “O Mato Grosso precisa de conhecimento técnico e científico sobre restauração. Este projeto é pioneiro e aqui eu sinto que posso fazer a diferença”, explica Mario Cava, mestrando em ciência florestal da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Em campo, estudantes, produtores rurais da região, técnicos da área agrícola e pesquisadores percorreram os diferentes modelos de plantio. “O Dia de Campo é mais uma oportunidade para mostrar que a Reserva Legal não precisa nem deve ser uma área intocada da propriedade, uma interpretação equivocada da legislação, mas pode servir como fonte de renda complementar”, explica Rodrigo Junqueira, coordenador adjunto do programa Xingu- ISA.
A decisão do proprietário de investir na restauração é empreendedora e vai além da adequação à lei. As fazendas do Grupo Cunha já possuíam as áreas de Reserva Legal delimitadas e preservadas ou em processo de recuperação, computando os 35 % exigidos legalmente nessa região de Mato Grosso, assim como as Áreas de Preservação Permanente. “Além de sermos o guardião da nossa Reserva Legal também podemos ter um aproveitamento econômico de produção tanto nos frutos e sementes das espécies nativas como também de madeira”, explica Paulo Rodrigues da Cunha.
Reduzir os custos de implantação em larga escala ainda é um desafio para os cientistas que buscam desenvolver técnicas ecológicas e viáveis para o produtor. O experimento na Fazenda Cunha conta com seis tipos de tratamentos e os investimentos iniciais variaram de R$200,00 a R$3.500,00 de acordo com o valor das mudas e manutenção de plantio da área. Dois deles avaliam a semeadura direta de espécies florestais nativas em consórcio com adubos verdes. Outros três avaliam áreas com plantio de mudas, sendo dois em consórcio com espécies exóticas como o mogno-africano e o eucalipto. O último avaliará a condução de regeneração natural da reserva.
“Ao testarmos os vários modelos propostos, será possível avaliar a relação custo/benefício das diferentes técnicas e arranjos”, explica a bióloga Natália Guerin, do Programa Xingu do ISA.
O Dia de Campo também é uma oportunidade de aproximar produtores rurais de jovens estudantes da região. “É muito curioso verificar na prática o que a gente aprende na teoria, ver quais espécies são mais caras e quais são viáveis”, afirma o estudante de agropecuária Gracildo Cunha. Ele participou do encontro com outros 30 alunos da Escola Técnica de Agropecuária de Canarana. O grupo visitou ainda uma estação da Pioneer para apresentação de boas práticas do milho safrinha.
O evento faz parte das ações do projeto “Preparando o Brasil para o Redd”, que conta com a participação da TNC (The Nature Conservancy), Instituto Socioambiental (ISA), ICV (Instituto Centro de Vida), Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e Fundo para Defesa Ambiental (EDF). O projeto tem apoio da Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional).
Confira o Dia de campo no vídeo.