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O presidente da Hutukara Associação Yanomami, Davi Kopenawa, enviou uma carta ao deputado democrata Raúl Grijalva, presidente do Comitê de Recursos Naturais da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, após a embaixada brasileira em Washington desmentir reportagem da BBC publicada pelo congressista em sua conta no Twitter.
A notícia denunciava o assédio do garimpo aos povos indígenas no Brasil e a inação do governo brasileiro. Também, destacava os ataques sofridos pelos indígenas Yanomami da região de Palimiú, que, desde o dia 10 de maio de 2021, têm sido vítimas de bombas e tiros disparados por garimpeiros ilegais.
“Sou solidário ao movimento indígena brasileiro, pois as máfias do ouro estão invadindo terras indígenas da Amazônia. Esses guardiões da floresta são a última linha de defesa da floresta amazônica #LevantePelaTerra e #MarcoTemporalNão”, tuitou Grijalva em 30 de junho.
I stand in solidarity with the Brazilian Indigenous movement as gold mafias are invading Indigenous lands across the Amazon. These forest guardians are the last line of defense of the Amazon rainforest. #LevantePelaTerra #MarcoTemporalNãohttps://t.co/OUSKQ7yrOE
— Raul M. Grijalva (@RepRaulGrijalva) June 30, 2021
Em resposta, a embaixada brasileira enviou um documento, assinado pelo embaixador Nestor Forster e publicado pela embaixada, onde afirma o compromisso do Brasil com a proteção dos povos indígenas, sugere que o governo brasileiro tem sido exemplar em coibir a atividade de extração de ouro ilegal e assegura a segurança dos povos indígenas nas Terras Indígenas do país, e na Terra Indígena Yanomami em particular.
Na carta enviada ao congressista, o presidente da Hutukara esclarece que “as afirmações ali descritas, no entanto, escondem a verdade dramática vivida pelos povos Yanomami e Ye’kwana”. A organização destaca que, “pelo menos desde 2018, é observado um aumento significativo da atividade garimpeira ilegal no interior da Terra Indígena Yanomami. O aumento coincide com o desmonte da capacidade de atuação dos órgãos de Estado responsáveis pela proteção aos direitos dos povos indígenas e ao meio ambiente – respectivamente, Fundação Nacional do Índio e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis –, e com o abandono das estruturas de proteção territorial específicas na Terra Indígena Yanomami”.
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Davi afirma também que as operações informadas pelo embaixador ao deputado Raúl Grijalva se resumem a incursões pontuais que até o momento não compreenderam todas as regiões e comunidades indígenas afetadas. “Uma vez encerradas [as operações], o garimpo volta a funcionar normalmente, de modo que a maioria dos núcleos garimpeiros ilegais no interior da Terra Indígena permanecem ativos. Os resultados divulgados até o momento, portanto, são pouco significativos diante da real proporção que a atividade garimpeira ilegal atingiu na Terra Indígena Yanomami”.
A maior terra indígena do Brasil, com mais de nove milhões de hectares e uma população de 27 mil habitantes, está invadida por aproximadamente 20 mil garimpeiros. Desde o dia 10 de maio, os conflitos se intensificaram na região do Palimiú, situada às margens do rio Uraricoera.
Em 2020, o garimpo ilegal avançou 30% na Terra Yanomami, segundo relatório da Hutukara. “Análises mais recentes indicam que em junho de 2021 a área impactada pelo garimpo na TIY atingiu o total de 2702 hectares, representando um aumento de 21% em relação a dezembro de 2020”, destaca o documento da associação indígena ao Comitê de Recursos Naturais dos Estados Unidos.
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A carta reafirma que os povos Yanomami e Ye’kwana do Brasil, ao lado de demais etnias originárias no país “estão atualmente vivendo sob graves violações de direitos humanos, sem que o governo atue em conformidade com seus deveres constitucionais e compromissos assumidos internacionalmente para proteger, respeitar e realizá-los”.
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