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Políticas predatórias isolam Bolsonaro

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Em editorial, ISA repercute pesquisa que revela que 86% dos brasileiros rejeitam a mineração em terras indígenas e comenta desgaste cada vez maior do atual presidente
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Na semana passada, ao confirmar a indicação do seu filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro, para a embaixada do Brasil em Washington, o presidente da República destacou como sua missão conseguir parcerias com empresas norte-americanas para explorar minérios em Terras Indígenas. O assunto inexiste no âmbito das relações bilaterais. Em outros tempos, Bolsonaro acusava índios e ONGs de entregarem os nossos minérios para os imperialistas…

Na última segunda feira (29/7), ao colocar dúvidas sobre o assassinato de um cacique Wajãpi por garimpeiros dentro da sua própria terra, Bolsonaro reafirmou que tem a intenção de regulamentar os garimpos em Terras Indígenas. Ao promover a disseminação de garimpos em terras indígenas, o presidente só prejudicaria a atração de grandes empresas, mas a sua linha de coerência é a da predação.

Nessa sexta feira, 2/8, a Folha de São Paulo publicou o resultado de uma pesquisa nacional de opinião, contratada pelo ISA junto ao DataFolha, que revela que 86% dos brasileiros rejeita a mineração em terras indígenas. Outros 7% concordam apenas em parte com a orientação do presidente. A objeção avassaladora ocorre em todas as regiões, faixas etárias, classes sociais e gêneros pesquisados, e se estende a grande parte dos que ainda avaliam bem o seu governo.

Ainda ontem (1º/8), o Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, derrubou disposição de uma Medida Provisória, reeditada por Bolsonaro - medida anterior já havia sido rejeitada pelo Congresso Nacional - transferindo para o Ministério da Agricultura a competência para demarcar Terras Indígenas. O STF manteve a decisão do Congresso e a vinculação da Funai com o Ministério da Justiça, preservando sua atribuição na demarcação.

Ontem também, Bolsonaro anunciou, ao lado do desacreditado ministro do Meio Ambiente, que irá bancar um novo sistema para monitorar o desmatamento na Amazônia. Diante de reiteradas evidências de que o desmatamento explodiu no seu governo, o presidente amplifica sua guerra contra os números, cuja divulgação pretende restringir, enquanto espalha suspeitas contra os técnicos e diretores do Inpe, responsáveis pela gestão dos melhores sistemas de monitoramento do desmatamento existentes no mundo.

Bolsonaro não percebe que não tem poderes para derrubar os satélites que orbitam a Terra (que é redonda!), nem para esconder o que acontece na Amazônia. Malcriações diplomáticas contra governos que questionam o aumento do desmatamento só agravam a posição brasileira nas negociações internacionais, inclusive nas relativas ao tratado de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, iniciativa mais importante do governo até agora, mas que já vem sendo abertamente boicotada pela diplomacia norte-americana.

A agenda socioambiental não é o único fator de isolamento que afeta Bolsonaro. O desrespeito pelos direitos humanos e a apologia à ditadura e à violência política, o desprezo pela educação pública, pela ciência e pela liberdade de expressão cultural, a agressividade gratuita contra pessoas e instituições, vão conformando um asqueroso caráter presidencial, incompatível com a auto-imagem do nosso (ou de qualquer) povo.

ISA
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