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“Ajude-nos a não morrer”. Com esse apelo, movimentos sociais e organizações da sociedade civil de Altamira (PA) organizaram uma campanha para garantir a saúde dos povos que vivem no maior município do Brasil. A iniciativa, em um primeiro momento, busca arrecadar verba para a aquisição de cestas básicas e materiais de limpeza e higiene, que serão distribuídos para 200 famílias em situação de extrema vulnerabilidade social. [Acesse aqui a campanha]
A região ainda enfrenta os impactos da hidrelétrica de Belo Monte, a quarta maior usina do mundo. Com 25 ações judiciais movidas pelo Ministério Público do Pará, além de centenas de outras da Defensoria Pública da União, a hidrelétrica é um projeto de infraestrutura marcado por um desastroso número de impactos socioambientais, como falta de infraestrutura de saneamento, educação, saúde, o aumento da violência, reassentamento de comunidades tradicionais em periferias urbanas e aumento da pressão sobre Terras Indígenas e Unidades de Conservação. Cenário que pode se agravar com o avanço da pandemia.
“Nós, periféricos da cidade mais violenta da Amazônia, a maioria negros, sobrevivemos com muito esforço em tempos normais. Nós, ribeirinhos expulsos por Belo Monte, costumávamos receber tudo da floresta. Hoje estamos confinados nas periferias da cidade, ameaçados pela fome e pela doença. Nós, indígenas desaldeados, empurrados para as margens da cidade por aquilo que vocês chamam “progresso” e nós chamamos “morte”, temos ainda menos resistência a todas as doenças que vocês já trouxeram até nós”, diz um trecho da campanha.
Movimentos sociais e organizações da sociedade civil organizam campanha para amenizar efeitos do Covid-19 em Altamira
Além da campanha para arrecadação de recursos, os movimentos estão organizando ações para cobrar um posicionamento dos governos e da Norte Energia, empresa concessionária da hidrelétrica de Belo Monte. Em carta entregue ao governo municipal, Ministério Público Federal e outros órgãos, os movimentos pedem uma reunião ampliada com representantes da sociedade civil, por aplicativo virtual e cobram medidas emergenciais para enfrentar a pandemia e seus efeitos.
Reforçam, ainda, que devem ocorrer ações conjuntas do poder público, instituições, empresas privadas e sociedade civil. “Se um destes pilares faltar ou falhar, não conseguiremos mitigar a tragédia que se anuncia em Altamira. Sua participação, portanto, não é solicitada. Ao contrário, é obrigatória”. [Leia na íntegra]
Dentre as cobranças estão a realização de ações emergenciais para ampliação, manutenção e reforço dos hospitais e Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a garantia de recursos à saúde para as populações ribeirinhas e indígenas que vivem em áreas remotas.
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