Essa é a versão antiga do site do ISA que ficou no ar até março de 2022. As informações institucionais aqui contidas podem estar desatualizadas. Acesse https://www.socioambiental.org para a versão atual.
Edimilson, com seus 79 anos de idade, faz questão de se apresentar como sendo um “seringueiro com muito orgulho!”. E não é para menos, ele aprendeu a viver da floresta extraindo o látex da seringueira com seu pai, que por sua vez aprendeu com seu avô, que veio do Ceará em 1912 para tentar a vida na floresta amazônica paraense.
Desde essa época, as gerações da família Viana se criaram na beira do Rio Xingu, por dentro dos igarapés e andando pelas estradas de seringa no meio na mata.
Este ano, o modo de vida seringueiro foi reconhecido pelo Estado do Pará. Em novembro foi publicado o resultado final do Prêmio de Manifestações Culturais 2016, do programa Seiva de Incentivo à Arte e Cultura da Fundação Cultural do Estado do Pará. Dentre os 50 mestres de manifestações culturais contemplados está o nome do mestre seringueiro Edimilson Maranhão Viana.
O prêmio teve a intenção de “fortalecer a diversidade das manifestações culturais nas diferentes regiões do território paraense, além de identificar, valorizar e dar visibilidade às atividades culturais protagonizadas por esses mestres ou grupos”. Com o valor simbólico de R$ 5 mil para cada premiado, o Estado do Pará entende que esse reconhecimento é parte de uma “estratégia de preservação das identidades culturais”. Mais do que homenagear o ofício, o prêmio reconhece o modo de vida beiradeiro e sua origem histórica, incentivando a continuidade da prática.
Com 11 anos de idade, Edimilson começou a seguir os passos do pai aprendendo o ofício de seringueiro. Casado com Eliza Barros Viana, criaram onze filhos com a produção de borracha na Reserva Extrativista Rio Xingu, na Terra do Meio - conjunto de áreas protegidas localizada entre os rios Xingu e Iriri, no Pará, que abriga uma enorme diversidade socioambiental.
“Quando vou cortar as seringueiras sempre sou acompanhado de algum neto ou filho, que aprendem como cortar a seringueira de forma que não machuca as árvores. Meus filhos aprenderam a cortar seringa de pequenos, de forma espontânea, quando iam cortar seringa comigo. Hoje, meus netos me acompanham quando vou cortar seringa para encauchar os sacos”, conta Edimilson. Hoje, o casal segue criando os netos por meio do látex da seringueira, produzindo juntos os artesanatos encauchados com leite da seringueira: sacos de tecido de chita, bolsas de computadores, bolsas tiracolo, toalhas e capas de celulares. A técnica de “encauchar” consiste na selagem do tecido com o leite da seringa tratado, tornando-o impermeável.