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Yanomami e cooperativa do Rio Unini inauguram parceria para compra de castanha a preços justos

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Acordo de comercialização inédito traz novas perspectivas de comercialização da castanha-do-Brasil no Rio Negro, com igualdade de condições para competir no mercado e sem atravessadores
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No Rio Negro o extrativismo da castanha-do-Brasil e de outros produtos da floresta como a piaçaba, o cipó e o peixe ornamental, é marcado usualmente pela presença de atravessadores, patrões e regatões, e a partir de relações econômicas que nem sempre são justas para os extrativistas. Uma prática muito estendida e antiga é a do ‘aviamento’, ou troca de produtos da floresta por mercadorias sem uso de dinheiro, método bastante desfavorável para o coletor que quase sempre fica endividado depois de vender seu produto.

Até recentemente os Yanomami do Rio Demini viviam uma realidade bem próxima dessa, sujeitos a inúmeros abusos na comercialização de sua produção na cidade de Barcelos (AM). Sua produção de castanha, por exemplo, era vendida para atravessadores a um preço inferior a R$ 15,00 a lata de 20 litros, e muitas vezes em condições de pouca transparência na medição da produção. Contudo, neste ano, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) conseguiu articular um acordo de comercialização inédito com a Cooperativa Mista Agroextrativista do Rio Unini – (Coomaru), na Reserva Extrativista (Resex) do Rio Unini. Foi acertada a compra de toda a produção por um preço 70% maior do que o vendido em Barcelos.

Para selar a parceria foi promovido em setembro passado um intercâmbio com a Resex do Unini, no qual os Yanomami, além de entregar 186 latas de castanha (aproximadamente 2050 kg), puderam conhecer as estruturas e a dinâmica de funcionamento da usina de beneficiamento da cooperativa. Os cooperados apresentaram as máquinas e as etapas de beneficiamento, desde o funcionamento da caldeira, da quebra da casca até a embalagem. A atividade contou com a colaboração e apoio do ISA, da Fundação Vitória Amazônia (FVA) e da Associação Indígena de Barcelos (Asiba), que fez o frete da produção do Rio Demini até o Rio Unini.

Este sistema que articula produtores, sejam indígenas ou ribeirinhos, sem atravessadores, traz novas perspectivas para a economia e as relações comerciais dos produtos da sociobiodiversidade do Médio Rio Negro. Estas parcerias e a intercooperação entre organizações fortalecem os negócios de base comunitária frente ao concorrido mercado, ao qual poucas entidades conseguem fazer frente de forma individual. Pelas suas características e demanda mercadológica a castanha-do-Brasil é um excelente produto para desenhar novas formas de negócios onde os produtores possam competir em igualdade de condições comerciais para o estabelecimento de preços justos.

Estevão Benfica Senra e Ignácio Josa
ISA
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