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Já pensou em aprender sobre preservação ambiental, geografia, história, economia e muito mais, jogando? Esse é um dos propósitos do Grupo de Referência em Educação, que reúne professores de escolas de cinco municípios das cabeceiras do Xingu, no Mato Grosso. O tema do segundo encontro do grupo, em 2 e 3 de outubro foi jogos educativos e o objetivo é levar aos alunos, de maneira lúdica, informações sobre esse território e sua sociobiodiversidade.
O encontro, na escola municipal Nova Era, em Canarana, teve a participação de 36 professores que lecionam disciplinas diversas e contou com a orientação da especialista em Biodiversidade Nurit Bensusan, assessora de políticas públicas do ISA (Instituto Socioambiental) em Brasília-DF, que tem uma oficina de criação de jogos com temas biológicos. “O jogo, principalmente para as crianças, é mais lúdico, mais interessante. É uma atividade muito bacana, para além do próprio conteúdo. A criança aprende a competir de uma forma mais razoável, ganhar sem tripudiar, perder sem se desesperar, que é um aprendizado importante para a vida. Então, o jogo junta o aprendizado do conteúdo com esse outro aprendizado, que é o da vida mesmo”, explica.
Nurit mostrou aos professores que é fácil criar jogos, com simplicidade e até na base do improviso: “Como a gente está fazendo ali, desenha com giz um tabuleiro no chão e produz cartas, isso é bem interessante. Então, essa é a proposta, mostrar as possibilidades para essa equipe de professores”, afirma.
O Grupo Referência em Educação, criado sob a coordenação do ISA em agosto deste ano, tem o objetivo de apoiar o debate sobre metodologias de trabalho, percepção de conceitos e ideias sobre o tema socioambiental, especialmente a relação cultura e natureza, valorizando as iniciativas socioambientais de educadores da região.
O tema pensado para este encontro foi Jogos Educativos e a partir de então começou a criação de um jogo que envolve informações sobre o Parque Indígena do Xingu (PIX), com foco nos temas socioambientais, mas também englobando outros assuntos, como cultura, geografia e a história dos municípios que ficam no entorno. “Podemos usar algumas dessas dinâmicas de jogos que a gente viu aqui para ter ideias de como poderia ser um jogo… Pensamos em um tabuleiro onde parte dos jogadores circulam pelos municípios do entorno e outra parte circula pelo Parque”, conta Nurit. Em novo encontro, previsto para março do ano que vem, o jogo deverá ser apresentado ao público e começará a ser utilizado nas escolas.
Cristina Velásquez, do ISA (Instituto Socioambiental) e uma das coordenadoras do grupo, avalia que o trabalho nas escolas é fundamental para a missão do ISA. Ela explica que um dos focos do instituto na região é a percepção das inter-relações que formam o território, entre elas a percepção da água como um bem comum essencial às atividades econômicas, políticas e ambientais, que pode ser alcançado por meio do entendimento da sociobiodiversidade do território. “Esse grupo congrega professores que já desenvolvem iniciativas inovadoras há vários anos e tem o objetivo de se reunir e estudar temas para enxergar um território uno, que se compreendidos, permitem alcançar uma forma de vida melhor”.
Além do aprendizado na construção de jogos, foi anunciado o apoio financeiro a 14 projetos de escolas diferentes, que receberão auxílio para continuar a desenvolver iniciativas que já são trabalhadas pelos professores. “É um complemento para que eles continuem tendo condições de realizar essas atividades. O grupo desenvolve projetos na área da comunicação como a Rádio Escola Paulo Freire, a implantação de espaços “áreas de agrofloresta” voltados para a pesquisa fora de sala de aula como laboratórios agroflorestais para observação dos fenômenos naturais e restauração de áreas degradadas entre outros”, relata Cristina. Em cada encontro, realizado em escolas diferentes, os professores aprendem sobre o projeto desenvolvido especificamente por aquela escola. O próximo acontecerá no próximo dia 28 de novembro em outra escola de Canarana.
A escola Nova Era, por exemplo, desenvolve um projeto de agrofloresta, implantado em 2009. Mas com a criação do Grupo de Referência, um novo projeto foi criado para valorizar o espaço, transformando-o em um sala de aula ao ar livre. “Para ter mais utilidade para as crianças, que adoram brincar lá embaixo. Os professores as levam para poder trabalhar lá, que é fresquinho. Então resolvemos revitalizar, replantar, fazer emplacamento e construir uns bancos para aproveitar melhor o espaço. É o nosso pedacinho intocável”, diz a diretora da escola Maria José dos Santos Cereta.
Já a professora Lisonete Fernandes da Costa explica como os professores trabalham com o espaço verde. “Quando você fica só em sala de aula, fica muito limitado… No Dia da Árvore, por exemplo, o que a gente pode trabalhar no nosso cantinho verde? Pode-se fazer uma redação e por que não levar as crianças para vivenciar o momento? Fica mais real para elas desenvolverem essa atividade, além de ser mais prazeroso, com certeza”.